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MÚSICA

Orquestra Jovem Vale Música faz sucesso em Festival de Música de Campos do Jordão

A cada música que a Orquestra interpretava, tínhamos não só aplausos calorosos, mas tinha gente que aplaudia em pé. Fizemos três extras e eles continuavam aplaudindo. Realmente foi uma emoção muito grande não só para nós, como para os nossos músicos”, con

A cada música que a Orquestra interpretava, tínhamos não só aplausos calorosos, mas tinha gente que aplaudia em pé. Fizemos três extras e eles continuavam aplaudindo. Realmente foi uma emoção muito grande não só para nós, como para os nossos músicos”, conta a presidente da Fundação Amazônica de Música, Glória Caputo, sobre a participação da Orquestra Jovem Vale Música (OJMV), no último final de semana, na programação do Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão, considerado o maior e mais importante festival de música clássica na América Latina, e que prossegue até o próximo dia 29.

Foi a realização de um sonho para o violinista Pedro Teixeira, 23 anos, que integra a orquestra há oito anos. Os jovens se apresentaram na Praça do Capivari, em Campos do Jordão, e na Sala São Paulo, na capital, que recebe parte dos eventos do festival, e que além da acústica perfeita, tem um histórico de passagem de grandes instrumentistas, como descreve Pedro. “Ter tocado na sala São Paulo foi muito emocionante porque ela é uma das principais casas de espetáculos do Brasil. Já se apresentaram lá diversas personalidades e orquestras que admiro demais. Além de ser a sala de ensaio da Orquestra do Estado de São Paulo, da Osesp, melhor orquestra do País e uma das melhores do mundo. Estar no mesmo ambiente foi emocionante e inesquecível”, diz.

Licenciado em Música desde o ano passado, Pedro conta que durante a preparação para os concertos ensaiava com empenho, e também passava horas conversando com os colegas de orquestra para fazer o melhor. “Como somos muito jovens, não esperava que a gente fosse tão bem recebido. Só tenho a agradecer pela oportunidade e mencionar a professora Glória Caputo, que sem ela nada disso seria possível”, diz o jovem, um dos setenta integrantes da orquestra, grupo que está no topo do projeto de educação musical idealizado por Glória Caputo com patrocínio da Vale, e que beneficia cerca de 250 estudantes da rede pública de ensino da Região Metropolitana de Belém.

A violinista Vivian Pinho, de 22 anos, também integra a Orquestra Jovem desde 2011. Ela se formou em Música e ministra aulas de musicalização infantil. “A gente se sente bastante satisfeito. O público respondeu muito bem às nossas apresentações e acredito que foi porque o repertório era difícil, mas foi bem executado”, diz a musicista, orgulhosa de sua trajetória.

Concertos com participações especiais

O violinista Leon Keuffer e a cantora Carmen Monarcha (de longo), participaram como convidasdos, e posaram com Glória Caputo e o maestro Miguel Campos Neto. (Foto: Divulgação)

Foi a primeira vez que uma orquestra da região Norte, oriunda de um projeto social, integrou a programação em São Paulo. Com um repertório clássico, mas conhecido, a OJMV conquistou a plateia composta de quase duas mil pessoas, o que garantiu um convite para nova participação no ano que vem. Os jovens tocaram trechos das óperas “Carmen”, de Bizet, e “O Barbeiro de Sevilha”, de Rossini. Também “Concerto para Violino em mi menor, Op. 64: 1° Movimento”, de Mendelssohn, “Uirapuru”, de Waldemar Henrique, “Reisado do Pastoreio: Batuque”, de Lorenzo Fernandez, “Floresta do Amazonas: Excertos”, de Villa-Lobos e “O Pássaro de Fogo: Dança Infernal”, de Stravinsky.

Foram dois concertos, com a regência do maestro titular do grupo, Miguel Campos Neto, que também rege a Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (OSTP). As apresentações contaram com a presença da cantora lírica paraense Carmem Monarcha, que hoje vive em São Paulo. O público também foi brindado com a participação de outro paraense como solista, o violinista Leon Keuffer, que se mudou para a Inglaterra após receber uma bolsa de estudos e recentemente conquistou outra bolsa no Mozarteum University Salzburg, na Áustria. “É um garoto que toca divinamente bem, filho de um professor que pertenceu ao nosso projeto, Paulo Keuffer. É um grande nome também. Resolvi mostrar o Leon para o público brasileiro, porque ele ainda não é conhecido no Brasil”, elogia Glória Caputo.

Jovem formado pelo Vale Música irá para os Estados Unidos

Aos 21 anos, o estudante concluinte do Ensino Médio, Alexandre Augusto da Silva Negrão, é um dos jovens que conseguiu uma bolsa para estudar no Estados Unidos (EUA), a partir do projeto Vale Música. O garoto conquistou a bolsa em 2016, mas não conseguiu viajar naquele ano porque não dominava ainda outro idioma. Passado o período em que aperfeiçoou a língua, ele conta que já está apto para realizar seu sonho de estudar violino. “Desde os meus 15 anos, a professora já havia me dito que eu poderia ir e essa bolsa estaria disponível para mim, mas o único empecilho era a língua. Após dois anos estudando, passei na prova e agora estou indo estudar fora”, conta.

Como passou um tempo sem trabalhar, apenas estudando, ele espera contar com um “fundraising”, uma espécie de “vaquinha” para a viagem. “Eu vou precisar de uma ajuda para pagar a estadia, despesas com alimentação e outras coisas”.

Alexandre Negrão conta que começou a tocar no Vale Música e isso foi fundamental porque lá ele cresceu, se desenvolveu, e chegou a ser spalla da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz durante cerca de três anos. “Isso devo aos professores, à Orquestra Jovem, que tem dado todo esse repertório para essas crianças. E sempre que eu vier aqui para o Brasil, eu pretendo ajudar as crianças e o projeto e continuar esse trabalho. Se não fosse esse projeto, eu não teria contato com o exterior e o Norte não teria esse nível que os jovens da orquestra têm”.

(Wal Sarges/Diário do Pará)

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