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MÚSICA

Martinho da Vila faz tributo a mestres do samba e à sua escola do coração

Não é segredo para ninguém a paixão que Martinho da Vila nutre pela escola de samba Unidos de Vila Isabel. Como uma grande declaração de amor, o cantor gravou “Alô, Vila Isabeeel!!!”, álbum de 13 faixas - entre regravações e novidades -, cujo repertório f

Não é segredo para ninguém a paixão que Martinho da Vila nutre pela escola de samba Unidos de Vila Isabel. Como uma grande declaração de amor, o cantor gravou “Alô, Vila Isabeeel!!!”, álbum de 13 faixas - entre regravações e novidades -, cujo repertório faz referência à escola da zona norte do Rio de Janeiro. O trabalho está nas plataformas digitais e a versão física deve chegar às lojas em fevereiro.

A princípio, a ideia era lançar o disco em 2016, quando a escola completou 70 anos, mas Martinho não conseguiu gravá-lo a tempo. O projeto acabou ficando mesmo para este ano. “Não presto esse tributo apenas à escola. Faço questão de lembrar as pessoas que trabalham por ela e que vivem o seu cotidiano ou viveram a sua história”, conta.

O trabalho para escolher as músicas que fariam parte de “Alô, Vila Isabeeel!!!” foi árduo, segundo o sambista. “Realizamos um levantamento grande dos compositores que fizeram e fazem parte da escola. Deu trabalho, mas acredito que conseguimos cobrir as diferentes fases da Vila.”

O álbum tem composições, inclusive, criadas antes da formação da Vila Isabel, em 1946. “Palpite Infeliz” e “Feitiço da Vila” foram escritas por Noel Rosa (1910-1937), um dos filhos mais ilustres do bairro que dá nome à escola. O começo da Vila Isabel é recordado na faixa que reúne as canções “Samba do Samuel”, “Vem pro Samba Meu Amor” e “Força Total”, escritas entre os anos 1940 e 1950.

Já a canção “Pagode do Seu China” presta tributo a Antonio Fernandes da Silveira (1900-1976), o Seu China, primeiro presidente da escola, que não ganhou a homenagem em vão. “Ele foi o responsável por elevar a Vila Isabel ao nível de brigar com outras escolas grandes, isso sem perder o clima de união e de respeito ao samba”, recorda.

Seu China, aliás, também foi importante para Martinho. Foi ele quem levou o cantor para o quadro de sambistas da Unidos de Vila Isabel, no fim dos anos 1960, época em que a escola se estabeleceu de vez entre as agremiações mais importantes do Rio de Janeiro.

O primeiro título, no entanto, só viria em 1988, com o enredo “Kizomba, a Festa da Raça”. Com letra forte, que trata da batalha dos negros por igualdade, o samba impediu o tricampeonato da Mangueira. E o desfile daquele ano é considerado, até hoje, o melhor da história da agremiação.

Em “Alô, Vila Isabeeel!!!”, a música ganhou uma versão bem diferente da original. “Minha filha, Maíra Freitas, fez um belíssimo arranjo para o piano. A música ficou com um novo frescor e ainda manteve a discussão racial, uma marca da Vila Isabel”, diz Martinho.

TRIBUTOS

Por intermédio das músicas gravadas em “Alô, Vila Isabeeel!!!”, Martinho também traz à tona figuras importantes da Unidos de Vila Isabel e do samba como um todo. “O sambista é uma pessoa que se entrega de corpo e alma à escola para a qual torce. Por isso, deve sempre ser lembrado, não só como parte de uma agremiação, mas também como um artista”, define Martinho da Vila.

No álbum, ele presta tributo a sambistas que ainda estão vivos, como Dunga e Moacyr Luz, e também a cantores e compositores que já morreram. Entre eles, está Luiz Carlos da Vila (1949-2008). Ele foi um dos compositores de “Kizomba, a Festa da Raça”, samba que deu à Vila Isabel o seu primeiro título no Carnaval do Rio. No CD, Luiz Carlos é lembrado por Martinho nessa música e em “Graça Divina”.

(Leandro Vieira Folhapress/SP)

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