Arthur Nogueira retorna a Belém com inéditas

Pela segunda vez, o cantor e compositor paraense Arthur Nogueira apresenta em Belém o show “Só”, desta vez no Sesc Boulevard. Nele, o artista privilegia a canção popular e suas próprias composições que dialogam com esse universo da música brasileira. Munido apenas de violão e voz, uma experiência completamente nova para ele, a proximidade com o público é o grande atrativo. Para algumas canções, também sobe ao palco Leonardo Pratagy, parceiro de Arthur Nogueira na música “De Repente”. O show ocorre nesta quinta, às 19h, com entrada franca.

A estreia deste show, conta o músico, ocorreu em setembro de 2016, no Teatro da Rotina, em São Paulo. Em Belém, a primeira vez foi em fevereiro, na Casa Oiam. Foi a primeira vez que ele se propõs a montar um show de voz e violão, solo. “Apesar de ter feito dois discos eletrônicos, sou uma pessoa muito ligada à canção. Sempre tive esse momentos de voz e violão em casa, compondo ou tocando compositores que gosto”, conta Arthur.

A ideia veio quando em 2016, o paraense foi selecionado no projeto Natura Musical para gravar um disco novo – previsto para o segundo semestre deste ano – e ele se aproximou muito do violão para voltar a compor. “E esse disco tem muito de canção, é algo muito forte nele. Surgiram convites para fazer shows nesse formato e eu tomei gosto”, diz Arthur.

Entre todas as razões para tomar gosto, ele destaca o contato direto com o público, sem qualquer artifício. “Sou eu, minha voz, o violão, as canções e as pessoas ouvindo. E decidi fazer em vários lugares. São Paulo, Salvador e fui fazerem Belém”.

Por essa proximidade, o músico sempre preferiu realizá-lo em lugares pequenos. “Porque se for teatro, grande, perde essa intimidade de que estou falando. Mas esgotou muito rápido a primeira vez em Belém, até porque é minha cidade, tem uma história. Muita gente disse que queria ter visto. Decidi pelo teatro do Sesc, que também não é tão grande e mantém essa intimidade”, completa Arthur.

Muitas canções para show intimista

Das canções autorais, Arthur conta que pegou aquelas que funcionam para este show. “São músicas que foram compostas nesse formato (ao violão). E também pensei canções de quando pego o violão em casa. Isso acontece com todos os compositores, acredito, quando pega em casa sem uma obrigação, não vaitocar uma canção sua. Você toca, já gravou aquelas músicas, então sempre toca o que você gosta de outras pessoas. Coloquei algumas que gosto de tocar em casa, com meu violão, e que acho tem a ver com meu repertório autoral”.

Entre elas, está “AnywhereI Lay My Head”, de Tom Waits. “Ele é um grande compositor de música e letra. E tem essa música que eu amo, adoro, e está nesse show”. Além disso, ele inclui músicas suas gravadas por outros artistas. “Isso também é uma coisa que aconteceu na minha vida e foi muito surpreendente. Quando componho, componho para mim, falo de assuntos meus, da minha vida. Todo compositor faz isso. Mas compor para alguém é diferente e descobri prazer nisso”, comenta. No show entram algumas como “Esperança”, parceria com Antonio Cicero gravada por Gal Costa. “É bom até para que as pessoas possam ouvir do jeito como ela foi feita. A Gal gravou com o rock, e o público vai ouvir no show como ela (Gal) ouviu pela primeira vez”, diz Arthur. E tem “De Repente”, que compôs com Pratagy para seu Novo álbum, mas que acabou sendo gravada antes pelo parceiro, no disco “Búfalo”.

“Eu já estou fora de Belém há mais de cinco anos e quando saí, isso é curioso, eu era a nova geração. E aí depois de ter saído e feito tanta coisa, volto e percebo que Belém sempre foi muito efervescente e interessante, mas essa geração, do Leonardo (Pratagy) é muito mais. Eles sabem de tudo, inclusive como funciona produção, o lado técnico mesmo. Eles têm conhecimento muito maior do que o que eu tinha quando comecei. Essa turma faz show e faz pelo próprio esforço. Tem um público que vai e acompanha”, comenta o cantor.

Foi se aproximando novamente dessa cena em Belém que Arthur conheceu o trabalho de Pratagy. “Acho o trabalho dele, no melhor sentido da palavra, pop. Me lembra Guilherme Arantes, uma galera dos anos 1980 que gosto. Eu estava compondo para o novo disco e ouvi ele e pensei ‘quero uma música que tenha essa concepção sonora das músicas do Leo’. E fizemos essa (DeRepente) para o meu. Mas ele estava fazendo disco e acabou indo para o dele também”.

“O nome desse show é ‘Só’. Porém, em Belém, sempre abro exceção e ponho o Leo, porque é uma oportunidade de tocar junto com ele. Ele compôs a melodia, toca o teclado, acho legal porque é como ela foi feita, é a forma ideal dela”, completa Arthur. A canção será a única não inédito do próximo álbum, que já está todo gravado. Mas o cantor conta que prefere não adiantar muito a respeito do trabalho, porque ainda há uma agenda de projetos anteriores a realizar. “O que posso adiantar é que gravei ele todo ao vivo no estúdio, montei uma banda em São Paulo e fizemos uma imersão no estúdio que fica em uma fazenda, para que tivesse essa quentura de todo mundo tocando junto. Minhas vozes foram todas gravadas junto com a banda”, conta.

A mixagem e masterização também já foram feitas, agora começa a produção da capa, planejamento de distribuição e a fase de estruturar a turnê de lançamento, que deve começar por Belém e seguir para Belo Horizonte e São Paulo, adianta Arthur.

TRAJETÓRIA

Arthur Nogueira já lançou os álbuns “Mundano” (2009) e “Sem Medo Nem Esperança” (2015), que garantiu sua indicação a Melhor Cantor no Prêmio Quem 2015, da revista “Quem Acontece” (Ed.Globo), e ainda “Presente (Antonio Cicero 70)”, em que relê canções e Antonio Cicero e parceiros, como Adriana Calcanhotto e Lulu Santos. Tem canções gravadas por Gal Costa, Cida Moreira e Ana Carolina

VEJA

Show “Só”, de Artur Nogueira

Quando: Hoje, às 19h

Onde: Centro Cultural Sesc Boulevard (Boulevard Castilho França 522/523)

Quanto: Entrada franca

Informações: (91) 3224-5654

(Lais Azevedo/Diário do Pará)