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Em 'Guerra ao Horror', Grupo Varieté usa palhaçaria para falar de assuntos sérios

Em meio à guerra, após uma falha em seu avião, Tenente Aço e Recruta Zero se veem perdidos numa floresta desconhecida. Os dois palhaços terão que botar em prática todos os seus treinamentos de guerra enquanto esperam pelo resgate, que talvez nunca chegue,

Em meio à guerra, após uma falha em seu avião, Tenente Aço e Recruta Zero se veem perdidos numa floresta desconhecida. Os dois palhaços terão que botar em prática todos os seus treinamentos de guerra enquanto esperam pelo resgate, que talvez nunca chegue, no espetáculo “Guerra ao Horror”. Com texto original do Grupo de Teatro Varieté, ele estará em cartaz de sexta a domingo, na Casa dos Palhaços. Dirigido por Tais Sawaki, o espetáculo traz como protagonistas os atores Assucena Pereira (Palhaça Assúcar Mascavo) e Ruber Sarmento (Palhaço Trapo).

O texto, segundo Assucena, nasceu das inquietações do grupo sobre o panorama social e político do país. “Nós criamos a dramaturgia baseada nesse ambiente/clima de uma guerra, que não falamos qual guerra exatamente é. E vamos enfrentando vários tipos de problemas para sobreviver, como a falta de comida, pouca água”. O processo de criação iniciou ano passado, com inquietações sendo colocadas na mesa e sendo traduzidas aos poucos em cenas leves, travestidas pela linguagem da palhaçaria - que é já uma marca do grupo Varieté.

Entre as questões atuais que serviram de mote para construção do texto, a atriz destaca uma sensação de que tudo parece realmente caminhar para uma guerra, assim como algumas questões indígenas, a autodestruição a partir dos conflitos entre as pessoas. “Os dois soldados que estão no meio da floresta vão, por exemplo, pensando que tipos de armas pode haver para uma possível guerra. Em uma das cenas, citamos que podem se utilizar dos livros e da inteligência. As piadas, momentos de riso, vão surgindo no decorrer disso”, diz.

Outro ponto muito bem pensado para a trama foi o fato de a palhaça Assúcar assumir o papel de tenente - uma referência a necessidade de empoderamento da mulher no cenário atual. “Quem dita as regras é a tenente. Ela vai norteando tudo. A gente também quis evidenciar isso, já que quando se olha para esse universo do Exército, das Forças Armadas, a imagem de quem é comanda é sempre o homem”, coloca.

A visualidade do espetáculo traz todo esse clima de floresta e com seus personagens palhaços vestidos com roupas camufladas. “A iluminação vai junto com isso, ajuda nessa visualidade de floresta, de guerra”, resume.

O trabalho da diretora, Tais Sawaki, também é destacado por Assucena. “Ela foi excelente, nos deixando bem à vontade, participando dessa criação conjunta do texto, nos preparou a partir de jogos teatrais, de indutores para pensar como realizar a cena, como colocar em prática o texto. E ela era também o olhar de fora. O espetáculo foi pensado para todos os públicos. Por mais que se fale sobre guerra, a gente faz com leveza para as crianças também se divertirem”.

O trabalho conjunto levou a momentos hilários, como quando Recruta Zero é informado que deve prestar continência: “a única ‘continência’ que eu conheço é a urinária”, responde.Formado há dois anos, o grupo Varieté trabalha principalmente com a palhaçaria, destacada por eles como uma importante forma de teatro popular, em alguns momentos, associada também à contação de histórias, como em “A Quase Morte do Zé Malandro”, com apresentações frequentes, por exemplo, na Livraria da Fox. O processo de criação do espetáculo “Guerra ao Horror” levou cerca de três meses e sucede o primeiro grande espetáculo do grupo, “HorrorPilante”, apresentado no Pará e no Tocantins.

(Lais Azevedo/Diário do Pará)

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