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Coletivo de fotógrafos da Guiana Francesa faz residência artística em Belém

O universo de cores exuberantes nas imagens retratadas pelo coletivo Lova Lova, criado pelos fotógrafos Léa Magnien e Quentin Chantrel na Guiana Francesa, poderá ser conferido hoje, às 18h30, na sede da Aliança Francesa, em Belém. Os artistas participam d

O universo de cores exuberantes nas imagens retratadas pelo coletivo Lova Lova, criado pelos fotógrafos Léa Magnien e Quentin Chantrel na Guiana Francesa, poderá ser conferido hoje, às 18h30, na sede da Aliança Francesa, em Belém. Os artistas participam de um bate-papo sobre a cultura de onde vêm e sua fotografia singular. O evento é uma realização da Aliança Francesa Belém com apoio da Direction de Affaires Culturelles da Guiana (Ministério da Cultura) e a entrada é gratuita.

Belém é a primeira cidade brasileira a ser visitada pelo duo, que se uniu há dois anos para retratar uma visão subjetiva deles sobre a realidade. É a segunda vez que Léa e Quentin desembarcam na capital paraense, onde eles estiveram no ano passado. A cidade foi escolhida porque reflete um misto de semelhança e diferença com a Guiana, como explica Quentin Chantrel: “Dá para ver a influência europeia na cidade e gostamos muito da cultura popular de Belém. Tem muitos aspectos, como o clima, a natureza, a vegetação, que se assemelham aos da Guiana Francesa, mas apesar disso, eles são muito diferentes nos seus costumes e formas de manifestar pensamento e posicionamento sexual, por exemplo”, explica.

Personagens reais ganham tintas carregadas na visão cheia de graça do duo formado por Léa Magnien e Quentin Chantrel (Foto: Lova Lova/Divulgação)

Semelhanças e diferenças com Belém

Lova Lova retrata, por exemplo, em uma das fotos, a homofobia. Não é que seja proibido ser homossexual na Guiana, compara Quentin, mas ele diz que no Brasil há uma liberdade de expressão muito maior do que lá, onde homossexuais não costumam se expor. “A Guiana não é muito longe daqui e possui quase a mesma natureza, mas a cultura de viver é tão diferente que nos marcou também”, avalia.

A dupla continua até o dia 4 de agosto na cidade, numa residência artística, em que pretende fazer uma semana de fotos e também percorrer as ruas da cidade em busca de pessoas para fotografar. Um dos temas elencados é a religiosidade, com o Círio de Nazaré. “A pintura retratada dentro do Theatro da Paz, em que mostra a religiosidade do povo paraense chamou a nossa atenção e pensamos em fazer uma Nossa Senhora de Nazaré com traços indígenas, diferente daquela visão da mulher branca europeia”, adianta Quentin. “Utilizamos coisas leves para falar de coisas mais graves, por isso que tem fotos que podem fazer rir, mas que propõem uma reflexão”.

Roupagem kitsch para falar de temas sérios

Uma das imagens criadas pelo Lova Lova, no alto. (Foto: Lova Lova/Divulgação)

Acima, Léa e Quentin em Belém (Foto: Ricardo Amanajás)

Léa iniciou o trabalho com fotografia em 2013, mas privilegiava os cenários em estúdios, em lugares mais fechados. Depois passou a fotos em locais diferentes, ao ar livre. Foi então que conheceu Quentin, durante a gravação de uma série na Guiana. Ele trabalha com a luz, a parte técnica da iluminação. Os dois se uniram então porque juntos acreditavam que poderiam fazer trabalhos melhores, um complementaria o outro.

Essa integração surge não só na forma. Juntaram a isso as referências que tinham sobre a realidade que viviam. Léa e Quentin chegaram à Guiana Francesa aos cinco anos de idade. O ambiente no qual cresceram permitiu tomar consciência, muito cedo, de que o pensamento ocidental, embora dominante institucionalmente, não é a única maneira de observar o mundo. A articulação entre as culturas, nas quais eles também estão inseridos, sempre os inquietou e é motivo de inspiração para o trabalho artístico.

O Lova Lova presenteia o público com o colorido das cenas que produz, que além de retratar a realidade da Guiana Francesa, também propõe uma análise mais sútil sobre a diversidade social e o contexto em que mulheres e homens, especialmente negros, indígenas e remanescentes da colonização francesa, estão inseridos.
Numa análise mais minuciosa, a linguagem fotográfica da dupla, que se aproxima conceitualmente do estilo kitsch, e que além de ser instigante pelo seu colorido, também permite ao espectador uma leitura muito mais crítica e profunda sobre os personagens e a realidade de onde vivem “Não é a fotografia documental, mas uma visão subjetiva nossa, não tem objetivo de ser uma fotocópia da realidade, um fotojornalismo, mas é a representação da nossa visão”, frisa Quentin Chantrel.

Na imagem de “Poi(s) on D’Or” (em tradução livre, um jogo de palavras com peixe/veneno de ouro), uma mulher indígena segura um peixe em uma das mãos, simbolizando uma cena rara do contexto em que aquela mulher está inserida. É simples, mas representativa. No jogo de palavras no título, a palavra “veneno” em inglês, “poison”, é usada em forma de protesto contra o racismo.

Léa explica que uma mesma fotografia (cita como exemplo a imagem “Fleur Sauvage”) pode gerar visões díspares sobre a representação da mulher. “Ela está numa postura de uma mulher imponente, com uma pose como se estivesse de salto alto, poderosa. Mas ao observar a imagem, ela está de sandálias, os pés estão sujos. Então, numa segunda percepção, o espectador olhará essa mesma mulher numa outra dimensão, num outro contexto social”, descreve.

(Wal Sarges/Diário do Pará)

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