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Chef de cozinha diz que peixe e salada não dão ibope

A ideia era fazer carreira em Química, até entender que o mundo que a fascinava era o da cozinha. Há mais de oito anos no “Mais Você”, apresentado por Ana Maria Braga, a chef Márcia Barbosa comanda uma equipe de dez pessoas que se dividem entre a cozinha

A ideia era fazer carreira em Química, até entender que o mundo que a fascinava era o da cozinha. Há mais de oito anos no “Mais Você”, apresentado por Ana Maria Braga, a chef Márcia Barbosa comanda uma equipe de dez pessoas que se dividem entre a cozinha e nas pesquisas das receitas que vão ao ar diariamente.

De passagem por Belém para participar do “Festival Ilhas e Sabores”, Márcia revelou, em entrevista exclusiva, o que acontece nas cozinhas dos programas “Mais Você” e no “É de Casa”, onde também atua, auxiliando os convidados a realizarem os seus pratos. Para princípio de conversa, para que uma receita seja apresentada por Ana Maria Braga é necessário que, tanto os seus ingredientes, quanto o preço final, sejam acessíveis às classes C e D, os maiores espectadores do matinal.

“A minha equipe pesquisa bastante e adaptamos as receitas à nossa realidade. Depois, testamos o passo a passo, para saber se funcionam ou não, tanto na cozinha da dona de casa quanto ao vivo. Nenhuma receita pode dar errado. Se for o caso, medimos desde o tamanho da forma que será utilizada. Se os ingredientes forem caros, a minha equipe adapta um a um. É frustrante para o consumidor ouvir no programa que uma receita custa R$ 20 e ele ter que pagar bem mais por isso”, diz.

Receitas típicas também não fazem parte da rotina do “Mais Você”, a não ser na presença de um chef regional. Afinal, o que adianta ensinar a fazer pato no tucupi, se o pato é caro e se não há tucupi em todas as regiões? “Com tantos anos de programa, já tenho o feeling para saber se a receita funciona ou não. E a nossa receita tem que ter o pulo do gato, aquela dica especial, simples, mas que faz toda a diferença. Tipo desenformar uma torta ou fazer um molho esperto. Algo que saia do beabá semanal”, revela.

Afinal, a ideia é gourmetizar a comidinha caseira e mostrar que, até mesmo quem não entende de cozinha, também consegue montar um daqueles pratos que aparecem na TV e nas revistas. “Um dos pratos que eu mais gosto de fazer é com macarrão instantâneo. Ninguém imagina que bastam seis minutos no microondas, bacon e ovo, para ter um macarrão à carbonara delicioso! Essa é a ideia da culinária na TV. Você olha e quer comer”.

Outro segredo revelado por Márcia Barbosa é que o peixe - com seus preços salgados - e saladas, definitivamente, não dão ibope entre os telespectadores. A não ser durante a Semana Santa e o Natal, quando o bacalhau é substituído por um peixe mais em conta. “A gente tenta acompanhar essa tendência de alimentação saudável, mas não pode ficar chato. Sabe aquela coisa, do sem glúten e sem lactose? Salada não funciona. Não provoca o mesmo interesse que um prato com macarrão instantâneo”, diz.

Brasileiro gosta é de bode!

Segundo Márcia Barbosa, receitas usando filé mignon jamais foram ao ar nos programas em que atua. “O brasileiro gosta muito das carnes de porco, de bode e de carneiro. Hoje, os chefs pesquisam bastante para diminuir os custos de uma receita. E, como atendemos as sugestões dos internautas, comida cara não entra no programa”, justifica.

(Foto: Bruno Menezes/Divulgação)

Outro ingrediente que faz um sucesso danado na TV é o frango. Para o Dia das Mães, o “Frango Sem Mistério” bateu recorde de audiência. Outra receita que enlouqueceu a galera foi uma adaptação de Márcia a uma versão de peixe com leite de coco, sopa de cebola, requeijão e creme de leite. “Receita da minha tia. Como o peixe é um prato elitista, fizemos com frango. Foi um sucesso!”.

Sobremesas também têm vez, mas é preciso ter um cuidado a mais para o doce não ganhar um sabor amargo para a produção. “Teve um fubá cremoso que foi um estouro! Na verdade, tudo o que for relacionado à doce faz sucesso. Mas também tem sobremesas que viram um pesadelo para serem reproduzidas na TV. Quando era moda servir pétit gateau, dava uma dor de cabeça absurda para a gente, porque ele tem um timing de produção. São 7 minutos e não pode passar disso. Para que nada saísse errado, fazíamos antes um teste na cozinha de apoio”, diz. “Um prato que parece simples, mas que não me atrevo a levar ao programa, é o suflê. Apenas como dica! É complicadíssimo pra fazer na TV”, brinca.

BASTIDORES

Quem já não encarou aquela sensação chata de passar horas na cozinha e o prato não sair bacana? Imagine quando um imprevisto desses acontece ao vivo, quando, no programa, a receita testada e aprovada dá errado? Foi o caso, por exemplo, do dia em que o polvilho grudou na assadeira. “Não houve quem conseguisse desgrudá-lo. Nesse dia, o jeito foi suspender o quadro sobre culinária. Fazer o quê?”, diz.

Indagada se não rola um certo incômodo por fazer as receitas e Ana Maria Braga levar os créditos, Márcia responde de pronto: “Fui contratada para fazer as receitas para a Ana reproduzir. Eu sou paga para isso! Ela é uma comunicadora e até mesmo os grandes chefs possuem uma equipe”. E vai mais além: O maior inimigo do chef é o ego! Nesses anos de programa, já criei 1,5 mil receitas. Eu sou cozinheira! Neste momento, sou chef, mas posso sair de lá e ir para outro local que já tenha um chef... vou virar cozinheira. Sem problemas!”, garante.

Nas manhãs de sábado, ela utiliza a sua expertise de TV para ajudar os convidados do programa “É de Casa”. “Pessoal brinca que ele é o primo pobre do ‘Mais Você’. Temos uma programação no Gshow e outra para o programa ao vivo, mas que não podemos aparecer. São três câmeras filmando. Se algo sair errado, será zebra. Quem trabalha na cozinha sabe que é necessário ter pulso, mas sem gritos. Chef que grita muito só funciona na televisão. Na vida real, não rola”.

(Ana Carolina Proença)

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