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B-boy paraense Kekeu disputa hoje etapa nacional do Red Bull BC One

Na noite deste domingo, Kleodon Gonçalves, ou como todos o conhecem, Kekeu, não terá Thaylor, 10 anos, e Arthur, 1 ano e 2 meses, observando seus movimentos de break de perto. Kekeu estará bem longe da Terra Firme, levado pelos passos largos da dança que

Na noite deste domingo, Kleodon Gonçalves, ou como todos o conhecem, Kekeu, não terá Thaylor, 10 anos, e Arthur, 1 ano e 2 meses, observando seus movimentos de break de perto. Kekeu estará bem longe da Terra Firme, levado pelos passos largos da dança que aprendeu nas ruas do bairro e foi aprimorando com os anos. O paraense de 28 anos é um dos finalistas da edição nacional do Red Bull BC One, que ele disputa hoje em São Paulo, com a torcida dos filhos à distância.

Participar do mais importante campeonato de breakdance do mundo não assusta o bailarino, professor e coreógrafo. E ele tem credenciais para isso. Foi professor do atual campeão nacional, o também paraense Leony Pinheiro, que passou pelo projeto de dança criado por Kekeu, o Curumim, que deu origem ao crew Amazon. Ele mesmo iniciou criança e já acumula 18 anos de estrada e prêmios em competições nacionais.

“[O Red Bull] É uma competição muito grande, mas a gente vai por etapas. Na seletiva do Norte, foram 125 b-boys e fiz um bom trabalho. Ficar entre os 16 melhores do Brasil já é uma coisa grande. Claro que trazer o título será muito maior. Mas sinto que já tenho um retorno do trabalho, uma contrapartida de reconhecimento vindo de produtores, do público... Quando você demonstra caráter além do trabalho, vai além do ego, da competição”, filosofa.

E é mais ou menos nesses termos que ele define o diferencial que procura para se destacar. “Mais do que saber os passos, é preciso respeito, amor ao próximo, seguir em frente, ter perseverança e esperança na vida. Isso é que faz a diferença de um bom dançarino. Mais do que ter qualidade técnica, é isso que é preciso abraçar”, ensina Kekeu, culminando com o que ele diz ser uma máxima no mundo do hip hop: “Se você quer ser o melhor dançarino urbano, tem que começar sendo o melhor da sua rua. Depois ser o melhor do bairro. Então o melhor da cidade. Do seu estado. Do país. Só então o mundo. Tudo são etapas e a gente tem que ter humildade”.

Mas se Kekeu não é de pular degraus, não significa que não pense ter fôlego para uma escada bem alta. Pensar grande, para ele, eleva a cena local. “O cenário de Belém tem muita gente produzindo eventos, tem muitas pessoas ajudando as danças urbanas. Mas quando você pede o mínimo e se joga para baixo, não está ajudando a cena a crescer. Ainda tem muita gente vendo o hip hop como um negócio de fracos e oprimidos. E não é porque a dança é urbana, que temos que ficar na rua. A gente pode ser muito maior, pode valorizar muito mais a nossa dança e
onde estamos indo”, diz.

O dançarino e coreógrafo quer mais profissionalização e acha que algo já foi semeado. “Se alguém ainda pensa as danças urbanas como algo menor em relação a outros tipos de dança, é ignorância. Não vou dizer que não existe b-boy que apenas reproduz movimentos sem saber exatamente o que está fazendo, mas tem muita gente que pensa a dança, que estuda, que entende por que está fazendo cada passo”, destaca. “O hip hop criou uma possibilidade artística muito grande. Na Europa, isso é visto de uma maneira bem diferente do que no Brasil. Mas já está mudando”, completa.

Enquanto o jogo não vira, Kekeu tem planos em mente independente do resultado da final de hoje. Sabe que continuar com a dança na periferia de Belém, onde na infância ele viu nos passos de break uma forma de escapar da violência, é uma forma de resistência. Por isso quer tentar novas parcerias para trazer de volta o projeto de dança para crianças, parado porque alguns apoiadores “não viam lucro” nas ações. “Acredito que isso tem força para a periferia. É o sentido com que a dança, o hip hop surgiu, com o sentido de paz. Mas isso [funcionar ou não] depende da comunidade. Na Terra Firme acho que isso aconteceu. O lado cultural, cênico é muito importante na comunidade”. A história de Kekeu e de seus quatro irmãos, todos dançarinos, confirma. Quem sabe a de Thaylor e Arthur e tantas outras crianças também.

(Aline Monteiro, Diário do Pará)

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