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Bando Mastodontes movimenta a cena independente

Um cena musical forte é formada por artistas autênticos, locais preparados, público e mídia. Mas, para ligar esses quatro pontos, há outro elemento indispensável: as canções. Na Festa Manada, mini-festival organizado pelo Bando Mastodontes no dia 11 de ma

Um cena musical forte é formada por artistas autênticos, locais preparados, público e mídia. Mas, para ligar esses quatro pontos, há outro elemento indispensável: as canções. Na Festa Manada, mini-festival organizado pelo Bando Mastodontes no dia 11 de maio, na casa de shows Açaí Biruta, os anfitriões lideraram um espetáculo em que as composições partiam do palco, encontravam a plateia e retornavam ao Bando com ainda mais força, A simbiose entre músicas e público era completa, seja no transe ou na contemplação.

Após os shows da banda O Cinza e da cantora Keyla, os Mastodontes assumiram o posto de guias da Manada. Oriundos das artes cênicas, os integrantes mais uma vez valorizaram com humor seus figurinos. Aos primeiros acordes, o público já podia distinguir o Vingador, Bobby e Presto, personagens do desenho animado Caverna do Dragão, empunharem instrumentos e cantarem. A história dos seis jovens que estão presos em um universo fantástico e tentam voltar para suas casas traz um conceito característico da performance do grupo: a coletividade. E é nela que reside também a força de suas canções.

“Trago meu bando comigo”, canta Luciano Lira na canção “O Mastro”, apresentada pela primeira vez. Para além de uma referência à própria trupe, o verso homenageia a população negra que foi sequestrada da África e trazida para a Amazônia para ser escravizada. E que, mesmo nessas condições, resistiram aqui com suas manifestações. As festas dos mastros de santos, ainda que tenham origem em cultos pagãos europeus, ocorrem em diversas festividades no Pará com a presença das religiões de matriz africana. Em tempos de perseguição a terreiros em Belém, o grupo diz ao entoar a canção: temos e cultuamos nossa ancestralidade.

Em “A bruxa”, composta por Ana Marceliano, a figura da vilã de histórias infantis e das ditas “feiticeiras” da Idade Média é ressignificada. Na música, a personagem possui como poder concreto o empoderamento feminino, que é usado para confrontar o machismo e seus relacionamentos abusivos. Em tom de ameaça debochada, o recado é dado: “Eu sou uma bruxa, viu? /Ninguém te merece, ninguém te pariu”. A canção traz ainda uma “cama” sonora para um trecho falado, interpretado por Ana, que expõe e expulsa o abusador do ritual. O Bando Mastodontes, com suas ferramentas estéticas, assume seu lado também no debate de gênero, sem temores.

Grupo utiliza a música para criar uma experiência entre artístas e público. (Foto: divulgação)

POLÍCIA

Após apresentarem treze das dezesseis canções previstas para a noite, o espetáculo foi interrompido pela presença de vinte e sete agentes públicos de órgãos como Polícia Militar (PM)e da Delegacia Especializada em Meio Ambiente (DEMA). De acordo com nota publicada na página do Bando Mastodontes, que se posicionou enquanto organizador do evento, a operação deteve “um jovem negro por porte de maconha e ordenou o encerramento da festa”.

Em repúdio à ação do poder público, a plateia passou a entoar cantos contrários ao comportamento da PM. O grupo musical, então, encerrou o show antes da hora esperada, mas convocou todos a continuarem a apresentação ao ar livre. Na Praça do Carmo, ainda no bairro da Cidade Velha, a festa continuou com instrumentos tocados sem som eletrônico e à capela. Não era necessário um discurso politizado para compreender qual era a opinião das pessoas que estavam ali sobre o ocorrido. As canções do Bando Mastodontes já haviam dado o recado.

(Abílio Dantas em colaboração ao DOL)

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