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Exposição mostra a relação entre arte e tecnologia

Cada vez mais, museus e galerias abrem espaço para olhar o futuro, oferecendo arte com uma abordagem mais high tech e apresentando artistas que desenvolvem suas obras por meio ou inspirados na tecnologia. Tudo isto levou ao tema da 16ª Semana Nacional de

Cada vez mais, museus e galerias abrem espaço para olhar o futuro, oferecendo arte com uma abordagem mais high tech e apresentando artistas que desenvolvem suas obras por meio ou inspirados na tecnologia. Tudo isto levou ao tema da 16ª Semana Nacional de Museus, “Museus Hiperconectados: Novas abordagens, novos públicos”, iniciativa do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). Em Belém, uma das programações ocorre na Galeria do Museu de Arte do CCBEU (Mabeu), incluindo a exposição coletiva “Do Ponto ao Pixel”, que abre nesta quinta-feira, 3, às 19h, gratuitamente.

Frames de dois vídeos da série “Corte Seco”, de Alberto Bitar, inéditos em Belém (Foto: Alberto Bitar)


Frame de vídeo da série “Desaparições - Lago Mata Bolonha”, feito a partir de performance de Orlando Maneschy (Foto: Orlando Maneschy)

Passeando pela produção recente dos paraenses Alberto Bitar, Danielle Fonseca, Flavya Mutran, Keyla Sobral, Luciana Magno, Melissa Barbery, Nando Lima, Orlando Maneschy, PP Condurú e Val Sampaio, o público irá de um extremo ao outro – de vídeos, QR Codes e instalações até objetos, pinturas e técnicas totalmente analógicas.

Editor de fotografia do DIÁRIO, Alberto Bitar apresenta, por exemplo, dois vídeos da série “Corte Seco”, inéditos em Belém. Eles documentam a ronda de uma equipe de reportagem para um caderno policial e sugerem reflexão, principalmente, sobre nossa condição de impermanência.

O artista demorou a partir do analógico para a fotografia digital, mas já trabalhava com vídeo muito antes. “O que mudou foi a possibilidade de trabalhar com programas de edição não-lineares, que não existiam antes. O digital é um caminho sem volta, assim como se atualizar, se inteirar do que está surgindo”, afirma.

Indo das câmeras de 3 megapixels para as de 30, ele aponta que as próprias exposições fotográficas mudaram. “Quando comecei, no laboratorio molhado, tinha que ter banheiras imensas para revelar em papel grande. Hoje, é difícil ver uma exposição com fotografias pequenas. E era bacana, tão mais intimista...”, diz.

Indo um pouco além, o público ainda encontra trabalhos como “#íntimogrão”, de Melissa Barbery. Utilizando a hashtag, ela leva seu trabalho da câmera para o público. Sua galeria é o Instagram, por onde é possível não só comentar, mas se inspirar em seu processo criativo postando com a mesma hashtag.

“O importante talvez seja compreender o sentido singelo das palavras íntimo e grão que constituem esse conceitos... Estamos falando de um envolvimento que sedia a delicadeza que envolve esses conceitos, que nascem no campo privado e revelam ao público recortes afáveis que dispensam mais detalhes do que já revelam”, descreve.

A mostra ainda passa pela série “Desaparições – Lago Mata Bolonha”, de Orlando Maneschy, parte de um projeto de performances iniciado em 2008, no México, e que continua até hoje. Nele, o artista atravessa o ambiente em caminhada, e só pára quando algum acidente natural impede o seu deslocamento. No vídeo, o que aparece é apenas o trecho em que o artista está em cena, até o momento de seu desaparecimento. Temas há muito presente na arte, como a questão da vida, do curto período em que a existência humana permanece em relação ao tempo da terra, a fragilidade são pontos ativos no trabalho registrado por meio do audiovisual.

Em direção ao ponto

Mangueiras da Praça da República são a base da instalação multimídia “Invisíveis - República 197”, de Val Sampaio e Lab Techné (Foto: Val Sampaio e Lab Techné)

Também integrando a mostra “Do Ponto ao Pixel”, a fotógrafa Flavya Mutran explora os códigos gerados a partir dos arquivos de imagem e texto (.jpg e .txt). As duas obras apresentadas nesta mostra são compostas por representações gráficas da estrutura algorítmica do arquivo digital de “Vista da Janela Em Le Gras”, heliografia de Nicephore Nièpce (1836), tido como o mais antigo registro fotográfico.

Em “Invisíveis – República 197”, de Val Sampaio e Lab Techné, uma instalação multimídia traz intervenção cartográfica, psicogeográfica e mídia locativa, com anotações digitais das mangueiras da Praça da República. O próprio Lab Techné é um grupo de artistas que desenvolve projetos experimentais e promove reflexão sobre as novas tecnologias no campo das artes.

Na obra de outros artistas é possível encontrar tecnologia e manual misturando-se, ou ainda, uma total volta ao ponto de partida, o não-digital. “Eu fico nesse outro extremo, com uma fotocolagem, algo bem primordial. Sâo um conjunto de colagens que transformo em uma única fotografia”, explica Danielle Fonseca.

Um trabalho que há muito ela não realizava e que foi retirado da gaveta quando a artista voltou a dar aulas de poesia visual. Intitulada “Se Encontrasse Tempo Durante o Verão, Escreveria”, o trabalho é uma homenagem a Gertrude Stein, mãe da literatura moderna.

Para a artista visual, mesmo com o avanço da tecnologia, as formas mais “primitivas” da arte merecem ainda um lugar de destaque em museus e salões. “Ela é necessária e talvez seja um guia até para que as pessoas percebam onde está a raiz das coisas. A ideia de pixel vem do ponto. Me ensinaram que o nome digital vem dos dígitos da mãos, das plantas dos dedos. Tudo que é tecnológico veio de alguma maneira do manual e poder misturar os dois é mais legal ainda. É interessante mostrar o quanto estão próximos também e que o analógico não é algo arcaico na arte, é atual ainda”, defende Danielle.

Esse encontro está também no trabalho de Keila Sobral, um luminoso em Led, com letras vermelhas que dizem “Somos Todos Invisíveis”. Ela sempre trabalhou com várias técnicas e suportes, que passam desde o desenho, o vídeo, a uma instalação em neon.

“O Led, por exemplo, precisa do auxílio do computador, por conta do programa específico dele. Então, transito sim em vários suportes”, afirma a artista. A presença maciça da tecnologia adentrando produção artística e espaço expositivo, considera, “é um diálogo com o nosso tempo”. “Ao mesmo tempo, e obviamente, tratando-se da nossa região, que é imensa, região-vastidão, é um caminho longo ainda a percorrer”, completa Keila.

Visite
Coletiva “Do Ponto ao Pixel”
Abertura: Quinta (3), às 19h
Visitação: Até dia 30, das 14h às 19h, de segunda a sexta, e das 9h às 12h, aos sábados
Onde: Galeria de Arte do Mabeu, CCBEU (Padre Eutíquio, 1309 – Batista Campos)
Quanto: Entrada franca

(Lais Azevedo/Diário do Pará)

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