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Ruy Godinho revela em livro os bastidores da criação de músicas brasileiras

O pesquisador, produtor multimídia, escritor e radialista Ruy Godinho lança na capital paraense o quarto volume da série de livros “Então, Foi Assim? - Os Bastidores da Criação Musical Brasileira”. Em formato de talk-show, com participações da cantora San

O pesquisador, produtor multimídia, escritor e radialista Ruy Godinho lança na capital paraense o quarto volume da série de livros “Então, Foi Assim? - Os Bastidores da Criação Musical Brasileira”. Em formato de talk-show, com participações da cantora Sandra Duailibe e dos cantores e compositores Nilson Chaves e Pedrinho Cavalléro, o evento ocorre amanhã, às 21h, na Cervejaria Oficial.

No show, o autor contará histórias de composições acompanhadas por interpretações dos artistas convidados. Entrevistará Nilson e Pedrinho sobre músicas de suas respectivas safras, que serão, em seguida, interpretadas pelos próprios autores. No repertório do show, “Certas Canções” (Tunai/Milton Nascimento), “Engenho de Flores” (Josias Sobrinho) e “SáMarina” (Antonio Adolfo/Tibério Gaspar), além de “TempoDestino” (Nilson Chaves/Vital Lima).

“Então, Foi Assim? - Os Bastidores da Criação Musical Brasileira” é o resultado de pesquisa iniciada em 1997, quando Ruy Godinho e Adriane Lorenzon produziam o programa “Estação Brasil”, para a Rádio Cultura de Brasília. O programa tinha o quadro “A Origem da Música”, em que os compositores revelavam exatamente o momento da criação. Esse acervo foi se acumulando e Ruy Godinho teve a ideia de transformar em livro, editado pela Abravídeo.

Entre as histórias, “algumas são comoventes, outras engraçadas, trágicas, desencontradas”, conta Ruy. “Imaginei que em dez anos teria um acervo maravilhoso de histórias, isso em 1997, quando comecei a pesquisar, e em 2006, o acervo cabia num livro e escrevi o volume um”, conta.

Enquanto escrevia e pensava que nome dar ao livro, foi a reação dos amigos ao ler as histórias o que lhe trouxe isto. “Eles acabavam de ler e diziam ‘então, foi assim?’. Eu ouvi essa expressão muitas vezes (risos)”.

O quarto volume já não vem do programa de rádio e pesquisas na história da música e sim diretamente de entrevistas com compositores para o livro. “Esse é um trabalho dedicado aos criadores musicais, que ficam relegados ao esquecimento. As rádios geralmente não falam quem é o compositor, só dos intérpretes”, comenta.
Desde muito jovem, Ruy é um apaixonado por rádio. Quando se mudou de Belém para Brasília, em 1982, percebeu que a Rádio Nacional FM tocava muita música de artistas independentes e começou a levar para lá a música daqui.

“Eles tocavam músicas lindas e que não eram comerciais. Pensei ‘vou avisar o Nilson, o Cavallero, o Vital’, e comecei a receber os discos de alguns músicos pra levar nessas emissoras”, conta. Por lá são dez rádios públicas, enquanto Belém tem só tem uma. “Fiz amizade com esses artistas, um contava pro outro ‘o Ruy tá lá, manda o disco pra ele’. E de divulgador, virei radialista. Isso tudo vai afinando a relação com os artistas”. E isso foi facilitando o acesso a nomes como Flávio Venturini, Milton Nascimento, e hoje, Dona Onete”.

Confissões e surpresas a cada música

Waly Salomão e a história de como surgiu “Vapor Barato” foram citados na entrevista de Jards Macalé para o livro de Ruy Godinho. (Foto: Divulgação)

Além dos livros, Ruy Godinho tem um programa de rádio homônimo à série literária, veiculado às 9h de domingo, na rádio Unama, em Belém. “Eu costumo dizer que faço um trabalho interminável porque enquanto escrevo um livro estão sendo compostas milhares de músicas”, afirma.

E mesmo canções icônicas, como “Sonho Meu”, de Ivone Lara e Délcio Carvalho, passam a ser ouvidas de outra forma por quem conhece sua história, garante o radialista. “As pessoas costumam pensar que ela foi feita por alguém que estava distante de um amor, mas ela foi feita para os artistas brasileiros, pensadores, exilados na ditadura militar.

Há ainda histórias como a de “Vapor Barato” (Jards Macalé/Waly Salomão). “O Waly foi preso em São Paulo com uma bagana dentro do bolso. A gente vivia como hippies, com aquela vestimenta meio pobre, meio estilosa. Quando saiu da prisão, foi morar em Niterói porque estava paranoico com as grandes cidades. E um dia chegou em casa com essa letra. O Vapor Barato tinha dois sentidos: o vapor do navio e o vapor, que é o cara que vende drogas. Porque o vapor do navio era barato mesmo, era baratíssimo. E o barato porque se dizia que [a droga] dava barato, que estava no barato, a onda que dava. Então, tinha esses dois sentidos”, contou Jards Macalé para o livro.

Muito emotivo, Ruy conta que em muitas ocasiões foi às lágrimas não apenas ouvindo as histórias como escrevendo solitariamente. Uma delas foi a de “Clube da Esquina Nº 2” (Lô Borges/ Milton Nascimento/ Márcio Borges), que ele lembra a letra: “Porque se chamava moço/Também se chamava estrada/Viagem de ventania/Nem lembra se olhou pra trás/Ao primeiro passo, aço, aço…”. Ele conta que estava no volume três da série e foi atualizada no quatro. Desta vez, com o depoimento de Milton Nascimento. “Ela é uma canção que também remete à ditadura. O Márcio a compôs em um momento de tristeza, sob o terror da ditadura e também da separação da primeira esposa. E colocou ali todos esses sentimentos”, conta. E assim como esta, muitos outros bastidores da criação brasileira vão sendo revelados nos livros de Ruy Godinho. O quarto volume vem na sequência da série homônima, que publicou o volume um, em 2008, o volume dois, em 2010, e volume três, em 2013. A trilogia, em embalagem comemorativa, chegou no ano de 2015.

(Lais Azevedo/Diário do Pará)

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