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As dores e delícias de ser viver da dramaturgia

Morando em São Paulo há 6 anos, o dramaturgo paraense Haroldo França, 29 anos, não se afasta da cena de Belém e vem dando sua contribuição para a formação de atores e da dramaturgia local. Em conversa com o caderno Você ele, que veio ministrar a oficina “

Morando em São Paulo há 6 anos, o dramaturgo paraense Haroldo França, 29 anos, não se afasta da cena de Belém e vem dando sua contribuição para a formação de atores e da dramaturgia local. Em conversa com o caderno Você ele, que veio ministrar a oficina “Dramaturgia Fora da Caixa”, falou sobre como é fazer dramaturgia no Brasil, analisou o cenário local, falou de suas referência na cidade e o que mais sente falta da sua terra natal.

Haroldo é formado pelo Núcleo de Dramaturgia do Sesi – British (SP), especialista em Artes Cênicas pela Faculdade Paulista de Artes, mestrando em Audiovisual pela USP e ator formado pela Universidade Federal do Pará. Em São Paulo, comanda a Cia. do Sereno, onde dirige e escreve os textos. Em Belém, assinou os espetáculos “Encantados S/A” (2011), “A Quase Fantástica Fábrica de Chocolate” (2013) e “Dons de Quixote” (2009), encenadas pelo Grupo de Teatro Universitário (GTU), os dois primeiros em parceria com Bárbara Gibson. Também já teve peças encenadas em São Paulo, como “A Aventura de Ícaro” (2016) e “Classe Econômica” (2014).

Você já fez algumas oficinas voltadas para atuação e agora resolveu fazer de dramaturgia. Por quê?
Eu moro em São Paulo, mas frequentemente venho a Belém. E eu sempre estou muito ligado na cena artística daqui, no que está rolando, nos novos empreendimentos, nos lugares que fecham e abrem, nos grupos de teatros que surgem. Desde que eu morava aqui sempre percebi uma carência na formação de dramaturgia e a cidade está cheia de artistas muito talentosos. Mas a gente não tem um lugar que forme as pessoas que vão escrever as peças. Tem algumas escolas de atuação lançando atores no mercado e um curso de licenciatura na UFPA que muitas vezes forma não só professores, mas diretores de teatro. Então, a gente tem excelentes atores e diretores na cidade. A gente também tem excelentes dramaturgos, só que numa quantidade mais reduzida, e muita gente com potencial. E oferecer uma oficina é importante para que essas pessoas se instrumentalizem melhor para propor coisas para a cidade, espetáculos para grupos e diretores.

O que é preciso nos dias de hoje para “pensar fora da caixa” na dramaturgia?
“A gente precisa se soltar das formas tradicionais da escrita da dramaturgia, formas clássicas de pensar conflitos, personagens, dramas e expandir para meios experimentais, porque o teatro contemporâneo pede mais que simplesmente o drama intersubjetivo. Ou seja, o drama é entre uma pessoa e outra. Hoje é preciso falar da relação da pessoa com o mundo ou de uma pessoa consigo mesma ao mesmo tempo. Então, temos de criar uma linguagem que aborde a complexidade do ser humano hoje e, para isso, é preciso saber qual a nossa forma, é preciso conhecer as nossas angústias neste mundo e quais os assuntos que queremos falar, assuntos que nos divertem e nos afetam. Esse “fora da caixa” está relacionado à forma, às vezes é contar uma história e às vezes não. É deixar o espectador completar essa história.

Como é fazer dramaturgia no Brasil?
É difícil, porque muitas vezes a gente não tem como realizar aquilo que escreve. Precisa de um orçamento, equipe, direção, elenco e muitas vezes o dramaturgo já tem o seu grupo. Então, muitas vezes ele não consegue fazer isso. Em Belém, eu percebo uma certa abertura dos grupos de teatro para receber textos e, da feita que uma cidade tem muitos dramaturgos em atividade, esses dramaturgos estão propondo esses textos para os grupos. Eu tenho conseguido algumas parcerias para as pessoas montarem textos meus, mas ainda tem poucos dramaturgos pensando dessa forma. Em Belém, os dramaturgos trabalham por demandas e muitas vezes essa pessoa não tem essa função exclusivamente. Às vezes é um ator do grupo que tem facilidade para escrever e aí as pessoas acabam escolhendo ele para escrever a peça.

Quais seus planos em Belém?
Pretendo aprofundar o contato com os alunos dessa oficina de agora, mantendo o contato para estimulá-los a escrever e pretendo dar uma forcinha, de repente dar uma olhada num texto que um deles escreveu, contribuir com dicas e feedback. Pretendo fazer contatos com grupos para expor o meu texto também, oferecê-los para diretores daqui montarem.

Tens algum projeto fixo em Belém?
A Liga do Teatro, que é um grupo que surgiu no final do ano passado e que estreou o espetáculo “Serenata do Humor”, que é de coautoria minha. As músicas do espetáculo são todas minhas. Já estamos pensando até na próxima montagem. Em Belém, meu trabalho mais conhecido foi “Encantados S/A” (2011), uma parceria minha com Bárbara Gibson. Escrevemos várias peças juntos e estamos estudando a possibilidade de voltar com o espetáculo também.

Morando fora, o que mais sente falta?
Sinto falta das parcerias e de pessoas que para mim são referências no teatro: Wlad Lima, Olinda Charone, Alberto Silva e Miguel Santa Brígida, pessoas que me ensinaram muita coisa. Sinto falta também de acompanhar de perto a evolução de amigos artistas. E de modo geral, da energia das pessoas, do humor daqui e do acolhimento.

(Aline Rodrigues/Diário do Pará)

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