Desfile oficial do Grupo Especial sai às ruas em novo endereço

Após jejum de um ano, as escolas de samba voltam a disputar o título de campeãs no Carnaval de Belém. Hoje, a noite será das oito agremiações do 1º Grupo, o chamado Grupo Especial, que fazem da avenida Marechal Hermes, no Umarizal, a nova avenida do samba. Pela primeira vez, estão sendo vendidos ingressos para as arquibancadas e camarotes, e apenas uma área próxima à dispersão, no Ver-o-Rio, será gratuita. A disputa, que se inicia às 20h, apresenta os desfiles preparados para 2017 e que não saíram dos barracões naquele ano.

A programação começa dando água na boca, com a Deixa Falar reverenciando o dendê e sua relação com a gastronomia, a cultura afrobrasileira e a economia. “Seremos os primeiros, então acredito que ainda teremos que passar por alguns ajustes iniciais de som, coisas assim, mas vamos entrar fazendo o nosso melhor”, garante Maurício de Nassau, diretor de carnaval da escola. Em seguida, a música e a dança vão encontrar a literatura, na figura do paraense Bruno de Menezes, grande homenageado da Xodó da Nega.

A Grande Família, que estava com pouco recursos, mas queria levar o público a cantar junto, apostou na reedição do samba-enredo “Alvorecer”, composto por Gino do Cavaco, e bem conhecido da velha guarda do samba em Belém. Falando em resgates de antigos carnavais, a Bole-Bole dá sequência ao desfile revivendo o Arco-íris, que desfilou por aqui anos 1980, representando sua comunidade, no bairro do Guamá. “Somos uma escola que, com poucos recursos, se destaca pela criatividade”, garante seu presidente, Herivelto Martins.

Outra viajante do tempo, a Quem São Eles, leva todo mundo pela Estrada de Ferro Belém-Bragança, “uma parte da nossa história que envolve o surgimento de cidades, e muitos personagens”, destaca o presidente da escola, Glaucio Sapucahy. Na sequência, são três princesas turcas quem vêm encantar o público. Jarina, Herondina e Mariana ficaram na Amazônia ao fugir da guerra em seu país e hoje são ainda entidades da umbanda, representadas de forma fantástica no desfile da Piratas da Batucada.

Amanhecendo na avenida, o Rancho abordará a diversidade sexual e como o tema foi tratado ao longo da história, com alegorias cheias de movimento e uma apoteose que exalta os movimentos de gênero atuais, responsáveis por muitas conquistas contra o preconceito. Para o último momento, a emoção promete ser o sentimento que o público vai levar para casa. A Escola de Samba da Matinha vai reviver cenas do cinema que marcaram época. “Queremos mexer com o coração e a memória das pessoas”, diz seu presidente, Rodolfo Trindade.

(Lais Azevedo)