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Jin Barreto expõe grafite em 'Amazônia Style'

Com um traço que remete aos desenhos de sociedades tradicionais na Amazônia, o artista Jin Barreto tem no grafite uma maneira de se conectar com essa herança cultural da região. Mas não de forma a reproduzi-la ou mencioná-la em suas produções, e sim como

Com um traço que remete aos desenhos de sociedades tradicionais na Amazônia, o artista Jin Barreto tem no grafite uma maneira de se conectar com essa herança cultural da região. Mas não de forma a reproduzi-la ou mencioná-la em suas produções, e sim como algo natural de seu fazer artístico. É o que se pode ver em “Amazônia Style”, em que ele apresenta trabalhos inéditos, com curadoria de Pablo Mufarrej. A mostra abre hoje, às 18h30h, no Espaço Cultural Banco da Amazônia, em Belém, A entrada é gratuita.

Contemplada pelo Edital de Artes Visuais 2017 da instituição, a exposição traz um discurso moldado para que se compreenda o próprio grafite de acordo com uma linguagem artística que se desloca entre ambientes, das ruas às galerias. Terá, além de grafites, fotografias de Carlos Borges e desenhos.

Em seus grafites, que podem ser encontrados em diversos muros e suportes na capital paraense, Jin assina como Botwo. “Busquei essa pesquisa para me encontrar mais na arte urbana, fazer algo diferente, ter um estilo próprio, e quando vi, isso foi nascendo. Quando nem pintava, já gostava de peças que eu via em ônibus, que remetia a traços marajoaras. Esse movimento me levou a essa busca, que levou a um estilo novo. Eu seguia um “wild style”, selvagem, tradicional de Nova York, antes de ir para esse traço. Surgiu essa vertente”, explica.

Agora, ele busca compreender melhor o seu território, cores e movimentos, adaptando as técnicas do spray de que ele já tinha conhecimento. A composição de vermelho, preto e branco tem a ver com as cerâmicas da região. E ele considerou usá-las pela potência que emerge do uso dessas cores juntas. “Percebo que o vermelho dá um destaque. E continuo usando as cores todas do grafite tradicional. Mas para chegar nesse processo de criação, fui estudar os traços e já tirei o preenchimento da letra que fazia e deixei o outline solto, os contornos foram se libertando para essas cores, que ficaram mais próximas, por ter conhecido e pesquisado sobre a nossa própria cultura, aliando ao conceito regional, mas fugindo da estética explícita dos traços indígenas”, teoriza Jin Barreto, paraense de 32 anos, que iniciou seu contato com o desenho aos oitos, com incentivo do irmão Esmael Raymon e integra a primeira geração do grafite na região.

Linhas, traços e cores refletem uma ação com pensamento na intervenção de espaços urbanos (Foto: Carlos Borges/Divulgação)

Diálogo com a ancestralidade

O curador Pablo Mufarrej acrescenta que a mostra é uma espécie de recorte, apresenta o grafite, mas mais do que o grafite, a arte. No projeto da exposição, ele diz não ter buscado o exótico, ou mesmo colocar a rua para dentro da galeria - entendeu que não havia necessidade disso. “É o anúncio de uma etapa da carreira de um artista urbano, que tem um tipo de ação mais intensa na rua, e mostra também outra face desse trabalho, um diálogo com a arte e a nossa ancestralidade. Falo da arte quando comparo os grafismos com a pintura abstrata, as informações de linha e cor, traços, não é uma coisa que começou há 500 anos ou com o Modernismo, mas com nossas tribos. E o trabalho dele tem referência a isso, mas não como forma de apropriação e de tornar isso um discurso, mas no campo do fazer”, comenta o curador.

O estilo amazônico - a tradução livre do título em inglês -, explica Pablo Mufarrej, refere-se à forma como Jin Barreto trata o seu ato de grafitar, com elementos próprios da escola pictórica: plano, cor, linha e não mais apenas respeitando os limites do quadro como raio de ação, mas ampliando para o espaço para intervenções em outros espaços da cidade e do ambiente em que ele vive, como balsas, caminhões, casas - que foram escolhidos de forma pensada pelo artista e não de maneira aleatória, apenas para pintar.

As fotografias de Carlos Borges, mais do que registros das ações do artista no momento do trabalho, acabaram sendo incorporadas na mostra por conta da potência própria da imagem. “É um flerte entre grafite e uma pegada no que não chamo só de arte urbana, mas arte. Não é que estejam saindo desses lugares para a galeria”, explica o curador

Produção em destaque

Jin Barreto participou, em 2000, da oficina “Arte Urbana”, cores de Belém, desenvolvida por Anderson Galvão e Moisés Mpris. Durante sua jornada, se fez presente em diversos eventos nacionais de arte urbana, como “Cores de Belém” (2001), “Celpa em Graffiti” (2004), “Reduto Walls”, “Black and White”/Manaus-AM e “ACK Arte e Cultura na Kebrada”/São Paulo-SP (2014), “Cowparede Brasil - edição Belém” (2016) e o mais recente “UNC União Nacional Crew” - Manaus AM (2017).

Veja

“Amazônia Style”, obras de Jin Barreto
Abertura: Hoje, às 18h30
Visitação: 16 de novembro a 12 de janeiro, de 9h às 17h.
Onde: Espaço Cultural Banco da Amazônia (Av. Presidente Vargas, 800 - Campina)
Quanto: Entrada gratuita

(Dominik Giusti/Diário do Pará)

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