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João Cirilo abre exposição de pinturas criadas a partir de fotos “stalkeadas” da internet

(Fotos: Divulgação) O artista plástico João Cirilo é um “stalker” convicto. “Sou mesmo, empedernido”, assegura. “Stalkear” é desses verbos que surgiram, importados do inglês, mas que um bom entendedor de redes sociais sabe bem o que significa: xereta

(Fotos: Divulgação)

O artista plástico João Cirilo é um “stalker” convicto. “Sou mesmo, empedernido”, assegura. “Stalkear” é desses verbos que surgiram, importados do inglês, mas que um bom entendedor de redes sociais sabe bem o que significa: xeretar a vida alheia - ou melhor, o perfil alheio. Ele diz que adora ficar fuçando fotos de amigos e desconhecidos. “Quando vejo, estou lá na África”, conta. Dessa prática, ele começou a “roubar” imagens, geralmente de mulheres, por algo que chamasse a sua atenção, desde uma boa composição dos elementos até um cabelo ruivo em contraste com uma parede azul.

Das fotografias digitais, passou a pintar os quadros com esses rostos femininos. E já são para mais de 50, que agora serão apresentados na exposição “No que Você Está Pensando?”, que abre hoje, às 19h, na Galeria de Arte do CCBEU, em Belém. A entrada é gratuita.

A proposta da exposição é refletir a segurança das imagens em rede de internet, uso das fotografias de forma ética e a superexposição de assuntos privados para pessoas ao redor do mundo, indistintamente. “Essas questões me instigam. Sempre tive interesse por essa exposição da vida íntima. Algumas imagens eu guardava para mim. Ficava com elas na cabeça. Como desde 2003 minha produção aborda o universo feminino, esses temas foram se juntando e me levaram a desenvolver essa série”, explica o artista.

APROPRIAÇÃO

Mas afinal, quem são essas mulheres? E elas autorizaram que João Cirilo as pintasse e posteriormente apresentasse suas imagens como trabalho artístico? As polêmicas em torno desses questionamentos para desenvolver as obras são ainda mais instigantes para o artista. Ele responde que não solicita às mulheres fotografadas a permissão para usar a imagem delas em suas obras e que espera que se reconheçam e dialoguem com ele. Até agora, somente uma pessoa reclamou e não gostou do que viu, quando ele postou um quadro ainda em andamento. Mas ele diz que explicou que se tratava de uma série e ela concordou em ser o cerne da obra.

“Pintar mulheres e a beleza feminina é marcante. É o que chama mais atenção. Gosto de pensar na riqueza das possibilidades do feminino, com roupas e adereços, a vaidade. Uma coisa que acho bom para explorar. O que me leva a fazer isso são as referências que encontro nessas imagens. É um trabalho de apropriação. Algumas mulheres eu conheço, são do meu círculo. Mas a maioria eu não conheço, conheço no processo de ‘stalkear’. Pinto e fotografo e posto no Facebook. Fico esperando elas se reconhecerem, mas eu não sei quem são. Fico flanando por perfis de amigos. Me pergunto: tem um limite ético?”, provoca.

João Cirilo conta que a fixação por mulheres como sua principal temática artística surgiu da convivência com sua mãe, que era costureira e por isso recebia em casa sempre muitas mulheres para testar roupas. “As pessoas me perguntam por que ainda não inseri um homem nas minhas obras. Nessa exposição tem apenas uma obra, que pode sinalizar o que pode vir daqui para frente, uma possibilidade para o futuro”, adianta o artista, que admite que até hoje a pintura - e a seara temática na qual resolveu se inserir e problematizar - é um exercício árduo de se executar.

“Não é um trabalho ofensivo, não há intenção de denegrir a imagem de ninguém, pelo contrário. É um trabalho convencional de retrato e a contemporaneidade está nesse ruído da apropriação”, diz.

(Dominik Giusti/Diário do Pará)

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