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Exposição reúne trabalhos de curso de arte como terapia

A arte como uma forma de sublimar a dor. Esse tem sido um caminho de um grupo de amigos para reorientar a vida após grandes estresses e traumas, quando se reúnem para pintar e fazer diversos tipos de trabalhos manuais. O resultado pode ser visto por todos

A arte como uma forma de sublimar a dor. Esse tem sido um caminho de um grupo de amigos para reorientar a vida após grandes estresses e traumas, quando se reúnem para pintar e fazer diversos tipos de trabalhos manuais. O resultado pode ser visto por todos na mostra “Cores da Arte - Pará”, montada no Aché Atelier, em Belém. A entrada é gratuita.

A mostra tem participação de Luiz Veiga, apresentador do programa “Nova Vida”, veiculado na RBA, e também dos artistas Bethânia Godoy, Andrea Sá, Yolanda Neves, Miracelma Estumano, Maria José Maués, Rosalva Quintella, Rosinha Rego, Letícia Santos, Susete Salles, Silvya Gayoso, Vera Almeida, Hildebrando Leão, Ângela Antunes, Lucy Oliveira, Jurema Amarantes, Irene Ponzi, Klayson Faal, Yuri Barros, Inaê Amoedo, Lúcia Freitas e Marcelo Nunes.

Todos eles fazem parte da turma conduzida pela professora Ana Sarah Valle Santos, que administra o atelier há 10 anos, onde também ministra aulas de pintura em telas, acrílica e óleo, texturas, encáusticas, trabalhos em vitrais e ícones sacros. Todos esses materiais são explorados de forma terapêutica, para levar ao equilíbrio e bem estar no dia a dia.

Luiz Veiga conta que buscou a arteterapia após uma forte depressão e pelo fato de ter sido usuário de drogas por 28 anos, o que deixou sequelas em seu corpo e mente - como a falta de memória sobre a boa parte de sua infância. Aos 75 anos, ele também passou por um assalto violento, o que o levou a pensar em tirar a própria vida. “Comecei a pintar na infância e com 12 anos parei, porque meu pai não aceitava. Com isso, me afundei nas drogas ainda na adolescência. Há três décadas parei de usar produtos tóxicos e encontrei na arte uma maneira de curar doenças emocionais, espirituais. Quando você vem dessa trajetória, do câncer da personalidade, como eu chamo, a arte serve melhor do que qualquer remédio para ficar bem. Quando vejo as pinturas que faço fico orgulhoso com o meu trabalho, até me pergunto: ‘eu que pintei?’”, diz.

Uma de suas telas é um quadro escuro de onde surge um emaranhado de mãos, com traços de cor. “Mostra como era a minha vida, na escuridão, o meu isolamento. Mostra a minha vontade de sair de tudo isso, de buscar uma luz na escuridão. Em outro quadro, coloquei meu próprio rosto em um fundo escuro com traçados de linhas, que mostram minha vida antes, minha vida cheia de caminhos confusos”, declara.

Mas além de retratar a vida em momentos tristes, ele também começou a fazer pinturas da vida nova, perto da natureza e em paz com a assistência aos dependentes químicos no centro que coordena, em Ananindeua. “É uma forma de ter contato com Deus e consigo mesmo e a busca por equilíbrio emocional. Ocupar a mente com arte é um conselho que eu dou para quem precisa superar momentos de dor. Hoje vivo para estender a mão”, comenta Luiz Veiga.

A artista plástica Sylvia Gayoso também encontrou na arte uma forma de se reerguer. Ela ficou sem trabalhar e, com isso, desenvolveu uma depressão.

Sem saber o que fazer, começou a sentir vontade de fazer camisas, em 2013. Foi quando foi até a professora Ana Sarah, que de primeiro momento estranhou. “Ela me disse que não sabia ensinar as pinturas em camisas. Mas eu disse que não queria fazer ursinhos, plantinhas. Eu queria pintar o que eu via nas telas dela, algo mais abstrato”, conta Sylvia.

E a professora acolheu a artista plástica. “Estava a procura de algo que me levantasse, que me fizesse melhorar emocionalmente”, desabafa.

Hoje em dia, ela trabalha com a adaptação de formas abstratas e reinterpretação de signos comuns da cultura paraense, como grafismos marajoaras e a imagem do Ver-o-Peso em suas peças em tecido, que incluem blusas, artefatos para banheiro e outros produtos. Depois de quatro anos, ela diz que pretende seguir firme na área e já tem até uma marca, a Caboclarte.

“Eu adquiri conhecimento das técnicas de pintura e adaptei da artes plásticas para o tecido. Isso me proporcionou um novo estilo de vida. Além das mudanças por dentro, individuais, eu criei essa marca em 2014, fundamentada nesse diálogo da arte com o tecido, com estamparia conceitual. Tem a Marajoara Black, com conceito do abstrato para fazer os desenhos do Marajó.

Tem camisa da nossa feira com o urubu, que já é famoso, né? A arte é a minha vida, é voltada para isso. E hoje também ensino, auxilio outras pessoas que buscam o bem-estar, isso mexe com a gente. Fazemos coisas que a gente já não sabia que existia dentro de nós. Renova”, declara.

Para a professora Ana Sarah, a arte só faz sentido com essa proposta: de ajudar o próximo. “Sou muito comunicativa e fomos fazendo amizade, as pessoas foram chegando. Hoje temos muito pintores que são capazes de produzir telas. E outros centenas de alunos passam pelo atelier. Eu ensino com amor, isso faz parte da minha vida. Tem gente que chega aqui deprimido. Idosos ociosos.

E digo para pessoas virem ser felizes pintando”, diz.

Serviço:

Exposição “Cores da Arte- Pará”

Quando: de segunda a sexta, das 9h às 14h

Onde: Aché Atelier (Rua JoãoDiogo, 150/Altos - Comércio)

Quanto: Entrada gratuita

(Dominik Giusti/Diário do Pará)

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