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Câmara pede ajuda a prefeito para realizar Chiquita

A tradicional Festa da Chiquita, que ocorre desde 1978 no entorno do Bar do Parque, em Belém, logo após a passagem da berlinda de Nossa Senhora de Nazaré, na noite da Trasladação, foi tema de sessão especial ontem na Câmara Municipal de Belém (CMB). A ped

A tradicional Festa da Chiquita, que ocorre desde 1978 no entorno do Bar do Parque, em Belém, logo após a passagem da berlinda de Nossa Senhora de Nazaré, na noite da Trasladação, foi tema de sessão especial ontem na Câmara Municipal de Belém (CMB). A pedido do presidente da casa, vereador Mauro Freitas (PSDC), a sessão teve como objetivo discutir maneiras de viabilizar recursos para a festa a partir de apoios de instituições públicas e de parlamentares. Mesmo esvaziada, a sessão teve um tom de apoio à manifestação popular. Após quase três horas, Freitas comprometeu-se em enviar um documento à prefeitura municipal solicitando auxílio.

Para o cantor e defensor da causa LGBT, Eloi Iglesias, que é um dos organizadores da Festa da Chiquita, mesmo com o reconhecimento do evento como um dos bens imateriais associados ao Círio de Nossa Senhora de Nazaré, considerado Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco, os realizadores ficam à míngua e têm muitas dificuldades para que a festa se realize a cada ano. Além disso, diz ele, ainda enfrentam o preconceito de quem defende que a festa deveria até mesmo ser desvinculada do cortejo religioso, por tratar-se do lado profano da Quadra Nazarena.

“A gente vem aqui para ter força e crença de que as coisas vão continuar, que as pessoas vão continuar a fazê-la, se querem ter espaço nessa onda conservadora que está o país. A minha parte está sendo feita, mas já sou um ancião de 63 anos. Como LGBT, precisamos avançar. Agora permitem que psicólogos tratem gays. Tenho amigos que passaram tratamento de choque. Imagina, não existe cura para isso. A festa da Chiquita é, para nós, um movimento cultural e político. Não queremos que a festa acabe, a luta continua”, disse o cantor, fazendo referência à decisão de um juiz federal de Brasília que permite que psicólogos ofereçam a terapia de reversão sexual, proibida pelo Conselho Federal de Psicologia desde 1999, e lembrando o caráter da Festa da Chiquita como momento de visibilidade das causas LGBT.

Para Mauro Freitas, levar esse debate para a Câmara é uma forma de dialogar não só pela continuidade da festa, mas também pelos direitos da comunidade LGBT. “A festa já é patrimônio pela Unesco e queremos que a vontade popular prevaleça. É uma movimentação importante para a sociedade. Faremos encaminhamentos ao prefeito de Belém, para que nos ajude e colabore e possamos organizar junto com o Eloi”, disse o vereador.

Ciro Lins, técnico em Antropologia do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), lembrou que como a festividade é considerada patrimônio imaterial, o poder público, nas esferas municipal, estadual e federal, tem o dever de realizar ações que permitam que a manifestação continue ocorrendo e que seja repassada para futuras gerações. Ele explicou que assim como a Chiquita, o almoço do domingo do Círio e os brinquedos de miriti também são considerados patrimônios associados à festa religiosa e que há um decreto exatamente para a preservação destes tipos de bens culturais no Brasil.

“O Círio é patrimônio não apenas de celebração religiosa católica, mas também de festejo. É o momento de rezar, celebrar, comer e dançar. E por que não de frescar? Foi realizado um dossiê a partir de longa pesquisa que mostra como esse assunto é compreendido. E o decreto de 2000 mostra que medidas de salvaguarda devem ser tomadas a curto, médio e longo prazo para garantir meios de que o patrimônio permaneça vivo. É uma política consolidada no cenário nacional e mundial”, explicou.

O vereador Fernando Carneiro (PSOL) lembrou que a Festa da Chiquita é unanimidade entre os parlamentares, a despeito das divergências políticas e ideológicas. “Essas diferenças são naturais, mas estamos falando de uma manifestação cultural importante. A festa já é consolidada, a realidade se impõe. Está no calendário do Círio”, opinou.

(Domink Giusti/Diário do Pará)

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