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Estudantes paraenses participam do documentário “Nunca Me Sonharam”

A vida de um adolescente na escola é o despontar de muitas questões: a escolha da profissão, a relação com colegas e professores, a carga de estudos. Mas o que ocorre quando se trata de entender as expectativas de quem vive o Ensino Médio? É o que desvend

A vida de um adolescente na escola é o despontar de muitas questões: a escolha da profissão, a relação com colegas e professores, a carga de estudos. Mas o que ocorre quando se trata de entender as expectativas de quem vive o Ensino Médio? É o que desvenda o documentário “Nunca me Sonharam”, produção da Maria Farinha Filmes apresentada pelo Instituto Unibanco, com direção de Cacau Rhoden, e que aborda o ensino público brasileiro pela voz dos jovens, especialistas, educadores e gestores escolares de todo o Brasil, incluindo o Pará.

O longa-metragem, que enfatiza os aspectos humanos desse processo, já foi exibido em Belém, para convidados, e será disponibilizado, neste segundo semestre, nos “aulões” do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O superintendente do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques, acredita que é preciso pensar o tema a partir de uma reflexão poética, mas real. “O filme é uma matéria-prima muito potente para discutir o modelo de educação pública que queremos”, diz ele. A seguir, quem fala sobre o documentário é o diretor Cacau Rhoden.

Uma das cenas do filme, que será exibido no Pará neste segundo semestre (Foto: Divulgação)

Como foi pensar um filme sobre uma temática tão especial e delicada?

Bons filmes precisam de bons personagens e, partindo desse princípio, a ideia de apresentar os protagonistas como alguém que achávamos que conhecíamos, mas que na verdade nunca lhes demos a atenção devida, me pareceu algo impactante, do ponto de vista narrativo. Todos da equipe tinham esse objetivo em comum: dar voz aos jovens brasileiros. Propor que o espectador faça um exercício de escuta e, por fim, que o pano de fundo, que é a educação no Ensino Médio, se tornasse um assunto que passasse a fazer parte da pauta cotidiana do brasileiro, para entendermos o país em que vivemos, que pudesse dar subsídios para desenvolver um olhar para todos, sensível ao outro, um convite à empatia tão escassa em dias tão sombrios e, de uma vez por todas, entendermos que não faz sentido um Brasil tão desigual. Estamos falando nesse filme da maioria do povo brasileiro, porque quem fala nesse filme são representantes de mais 80% dos jovens do nosso país, os que frequentam as nossas escolas públicas. É um número imenso. E são pessoas. Estamos falando de gente.

O que se privilegiou no roteiro?

O filme teve sempre como objetivo ser um espelho da realidade do Ensino Médio no país. Entendemos que educação é algo complexo, que não acontece e se encerra dentro dos muros da escola, mas que transcende esses muros e que afeta toda a sociedade, o fato é que a sociedade também afeta a escola, esses atores e a educação como um todo. Como um ciclo de troca infinita. Portanto, quando falamos em educação e nas nossas plurais juventudes, estamos falando de um universo complexo, mas não complicado; muitas vezes escondido, mas extremamente revelador; às vezes melancólico, mas repleto de alegria e de força de quem está todos os dias no front das escolas brasileiras, na luta por uma educação de qualidade, por oportunidades, por redução de desigualdades. São os jovens, os educadores, as famílias, as comunidades que fazem com que esse sonho não desapareça. Basicamente o roteiro se fez à base de muita inspiração nos personagens que encontramos.

Como foi juntar num produto audiovisual diferentes realidades do país?

Foi um desafio. Não é fácil juntar tantas histórias em um filme de apenas uma hora e meia, mas foi uma experiência muito intensa emocionalmente e prazerosa ao mesmo tempo. Caí na estrada uma pessoa e voltei outra. Por isso, voltei com objetivo de tentar transmitir ao espectador que é muito importante que tentemos sair da nossa zona de conforto para que possamos entender a realidade em que vivemos e que os outros, o diferente, sobretudo em um país com essa escala continental, pode revelar muito sobre nós mesmos e nosso papel na sociedade. Conseguimos tirar de 300 horas de material bruto a essência mais rica. Mesmo com muita coisa boa tendo ficado de fora. Fiquei muito feliz com o resultado, esperamos que público também goste de viajar por esse país e ouvir o que esses jovens têm a dizer. O que eu pude ver é que quando não sonhamos essa juventude, estamos matando Brasil e a nós mesmos.

O que do Pará ficou nessa experiência?

O imenso e belo Pará ficará para sempre marcado em minha memória, através das escolas que visitei e seus personagens, por bons e maus motivos. Os maus motivos são muito semelhantes aos de muitas outras regiões do Brasil, com extrema desigualdade social que produz muito sofrimento. Realmente é a pior coisa desse país. Não é possível que convivamos com isso como algo normal em 2017. As marcas boas estão lá, registradas para a eternidade nesse filme, são as pessoas que encontrei, o sotaque encantador, o brilho no olho, a resistência diante de tanta injustiça social, a garra, a inteligência, a sensibilidade. Encontrei personagens tão inspiradores que me fizeram repensar muita coisa, pessoas tão cultas, meninas e meninos tão solidários, alegres, amantes do conhecimento, sonhadores no melhor sentido. Encontrei educadores atentos, entusiasmados mesmo com a difícil tarefa que é fazer educa- ção nas condições em que eles fazem. Seres realmente transformadores de realidades. Mas o que mais me marcou no Pará foi o respeito à diversidade, o olhar afetuoso pelo diferente, o exercício da igualdade que esses jovens têm, contagiando os seus educadores, e vice-versa. Senti que o potencial humano do Pará é imenso e positivo e que deve ser aproveitado.

O filme tem um tom de esperança também?

Como a ideia inicial era que o filme fosse o espelho da realidade brasileira, seria leviano de nossa parte não trazer a esperança e o sonho dos meninos e meninas. Entendemos que esses sonhos são flores que brotam em um terreno extremamente árido e que precisamos nos encantar e nos inspirar com isso para transformar nossa sociedade em lugar mais justo e menos triste. Justiça sabemos o que é, basta cada um procurar dentro de si que vai encontrar. A falta de oportunidade para esses jovens é imoral. Que sociedade queremos? Tristeza é a violência, a miséria, a não possibilidade de sonhar. E os resultados disso impactam negativamente a todos de alguma forma; todos, sem exceção. Então seria inevitável que o filme não mostrasse com muita esperança também a realidade daqueles que ainda mantêm algum tipo de sonho e que podem fazer muito por esse país, mas que estão esquecidos, abandonados, e que mesmo assim não desistem. O fato é que precisamos todos juntos sonhar esses jovens, sonhar um Brasil brilhante, uma sociedade de conhecimento, de ciência e tecnologia, de igualdade social, de solidariedade, de paz de arte, de beleza, de sustentabilidade, de seres plenos, sobretudo.

(Dominik Giusti/Diário do Pará)

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