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Editora quer reeditar obra de Dalcídio Jurandir

“‘xa ver. Não canta glória. Não canta glória. Tu então pra piolho tens o sangue doce. Nessa cabeça, vejo um reino. Duvida? Duvidando? Quanto perde? Quem gostava de te catar era a finada Lucíola, ah, mas eu te conto, aquela finada Lucíola! Ela que te inven

“‘xa ver. Não canta glória. Não canta glória. Tu então pra piolho tens o sangue doce. Nessa cabeça, vejo um reino. Duvida? Duvidando? Quanto perde? Quem gostava de te catar era a finada Lucíola, ah, mas eu te conto, aquela finada Lucíola! Ela que te inventou colo. Colo, colo, toda hora colo”. Era com esse jeito único de contar histórias, de traduzir sua própria cultura em personagens ímpares, que Dalcídio Jurandir foi ao longo da vida formando uma obra completa e de destaque para a literatura brasileira.

O trecho aqui citado é de “Ponte do Galo”, publicado em 1971, e que após 46 anos de existencia sem nenhuma reedição, acabou tornando-se uma raridade. “É uma obra quase impossível de encontrar em sebos. Tenho amigos leitores que tinham vontade de ter em casa, ler e conseguiam encontrá-lo”, conta Dênis “Girotto”, escritor e designer editorial que está a frente de um projeto de financiamento coletivo para realizar a primeira reedição da obra, pela Editora Pará.grafo, situada no nordeste do Pará.

A campanha está alojada no site “Catarse” e durará 60 dias. Nesse período, leitores e apreciadores da obra dalcidiana poderão apoiar financeiramente a iniciativa adquirindo exemplares do livro físico ou e-book, e ganhando recompensas pela colaboração. “Também será o primeiro livro do Dalcício disponível em formato digital, buscando outra gama de leitores mais jovens, habituados a este formato; além de facilitar o acesso”, destaca Girotto. Será inédito, ainda, uma obra de Dalcídio com ilustrações, que serão feitas pela artista Paloma Franca Amorim.

Esta segunda edição contará ainda com prefácio do escritor e pesquisador Paulo Nunes, um especialista na obra do autor. “Dalcídio é um escritor ímpar no cenário de nossa literatura. Entre 1929, data da primeira versão de ‘Chove nos Campos de Cachoeira’, e 1979, ano de seu falecimento, ele construiu, disciplinadamente, uma obra que influenciaria em definitivo a escrita romanesca da literatura brasileira de expressão amazônica”, já expunha o pesquisador em seu artigo “Dalcídio Jurandir e o Romance-Rio da Amazônia”.

Obra é referência, mas nunca foi reeditada

“Ponte do Galo” é o sétimo romance dos dez que formam o chamado “Ciclo do Extremo-Norte” e foi publicado em 1971 pela Editora Martins/MEC. O livro é dividido em duas partes que se passam em Cachoeira do Arari (Marajó) e Belém, respectivamente, e narra a história de Alfredo, menino marajoara que sonha em ir para a cidade grande continuar seus estudos. Dalcídio dá ênfase ao ser humano, seus medos, angústias, sentimentos e sobrevivência.

Por essa relevância e riqueza com que retrata a Amazônia, seu povo e sua cultura, que Dalcídio é dito estar para a Amazônia assim como Graciliano Ramos, Jorge Amado e Érico Veríssimo estão para as suas regiões. Ainda assim, como ocorre com “Ponte do Galo”, há obras suas nunca reeditadas. As que mais passaram por reedições foram “Chove nos Campos de Cachoeira”, que teve uma 6ª edição pela Unama, em 1998; e “Marajó”, que teve uma 4ª edição pela EDUFPA e Casa de Rui Barbosa, em 2008.

Girotto explica que a Casa de Cultura Dalcidio Jurandir, com sede em Niterói (RJ), atualmente representa toda a família do autor paraense e detém os direitos autorais da obra dele. “Reuni com filha dele em Belém e conversamos, expliquei o projeto, ela gostou e fechamos contrato entre a Pará.grafo e a Casa de Cultura. Além disso, temos a parceria do pesquisador Paulo Nunes, a artista plástica e ilustradora Paloma Franca Amorim e o fotógrafo marajoara Eliseu Pereira, responsável pela imagem que será a capa da nova edição”, destaca o editor.

Ele explica ainda que esse é um projeto independente, iniciativa da Pará.grafo, uma pequena editora do nordeste paraense, com o objetivo de resgatar obras de grande relevância para a literatura brasileira que, por circunstâncias quaisquer do mercado editorial, acabaram não sendo reeditadas e se tornaram raras e/ou inacessíveis aos leitores. E que o sucesso da campanha para reeditar “Ponte do Galo” – livro objeto de estudo dentro e fora do Brasil – servirá de motivação para que ela continue trazendo reedições como essa para os leitores.

COLABORE

www.catarse.me/ ponte_do_galo
Meta: R$ 9,3 mil
Recompensas aos apoiadores: Livros, e-books, canecas personalizadas, pôsteres com ilustrações da Paloma Franca Amorim e a possibilidade de ter o nome impresso no livro.

(Lais Azevedo/Diário do Pará)

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