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Prêmio Diário de Fotografia investe em talentos

Desde 2010, o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia atua no cenário artístico nacional, promovendo o intercâmbio de artistas, pesquisadores e obras. Além disso, investe em formação e constituiu, no ano passado, uma coleção de fotografias. Apesar de

Desde 2010, o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia atua no cenário artístico nacional, promovendo o intercâmbio de artistas, pesquisadores e obras. Além disso, investe em formação e constituiu, no ano passado, uma coleção de fotografias. Apesar de toda essa trajetória, o projeto quer justamente fugir da ideia de uma maturidade adquirida e, assim, continuar com o foco na prática artística.

“O movimento de mudança que fizemos na edição desse ano foi justamente para fugir dessa maturidade, que na maioria das vezes é inútil. A ideia de maturidade nos leva para uma espécie de certeza, engessamento, repetição que não contribui com a experimentação. Então a edição de 2017 nos coloca em movimento novamente e testando nossa capacidade de experimentar”, avalia Mariano Klautau Filho, curador do projeto.

Ele explica que as residências são uma possibilidade de experimentação. Klautau considera que sete anos de existência dão uma certa coragem para arriscar. “O que vejo de bonito na trajetória do Diário Contemporâneo é perceber a produção de artistas brasileiros, incluindo a produção local, artistas que estão circulando e tendo visibilidade no Brasil e saber que o prêmio contribui com isso. Dois entre a alguns casos são a paraense Roberta Carvalho e a gaúcha Letícia Lampert. Então, menos maturidade e mais experimentação”, diz.

Pensar o retrato desde a sua configuração tradicional até as experiências e significações que possam expandi-lo. Com base nisso, o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia escolheu para a 8ª edição a temática “Poéticas e lugares do retrato”, que premiou os trabalhos de João Urban (PR), Hirosuke Kitamura (BA) e Guido Couceiro Elias (PA).

O vencedor na categoria Prêmio Diário Contemporâneo, João Urban, fotografou os mesmos personagens com até 24 anos de diferença, entre 1980 e 2004. Foto: João Urban/ Divulgação

João Urban ganhou na categoria “Prêmio Diário Contemporâneo” com o ensaio “Tu i Tam, Poloneses Aqui e Lá”, sobre imigrantes poloneses no Paraná e que busca semelhanças na Polônia. As imagens que serão exibidas têm a característica de apresentar os mesmos personagens fotografados, com até 24 anos de diferença, entre 1980 e 2004.

João contou que a vitória “foi uma grata surpresa. Fico feliz não só pelo prêmio, que vem em muito boa hora, mas pela possibilidade de divulgar esse trabalho tão longe de sua origem, nesse País grande e diverso. Também fico feliz porque poderei rever Belém e os bons amigos que a fotografia me apresentou nessa bela cidade.”.

O Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia tornou-se um dos maiores editais de fotografia do Brasil, promovendo o diálogo entre as produções de diversos estados e a reflexão em artes. Sobre isso, Urban comentou, “acho de grande importância a atuação do Diário Contemporâneo. É um grande estímulo à produção fotográfica. Gostei muito da importância dada ao retrato, esse gênero por vezes esquecido, mas tão importante dentro da fotografia. Espero que o Prêmio possa ter continuidade para que muitos fotógrafos recebam esse estímulo”, finaliza.

RESIDÊNCIAS ARTÍSTICAS SÃO NOVIDADES

Este ano, o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia inovou mais uma vez e trouxe a residência artística como grande novidade da edição. Dois prêmios foram concedidos na forma de bolsa para residência. Um artista de Belém foi contemplado com a residência artística em São Paulo, sob a orientação da artista e pesquisadora Lívia Aquino, em parceria com o Condomínio Cultural. Um artista de fora da capital paraense foi premiado com a residência em Belém, sob a orientação do artista e pesquisador Alexandre Sequeira, por meio de seu projeto “Residência São Jerônimo”.

“As residências são uma possibilidade de experimentação porque acolhem o artista e seu processo. Não defende unicamente o produto acabado de um trabalho artístico e envolve o artista com a cidade em que ele está atuando. Mariano cita Hirosuke Kitamura, um japonês que vive em Salvador, que está conhecendo a energia de Belém e o jovem Guido Elias, paraense, que acabou de chegar em São Paulo pela primeira vez. “Isso é muito significativo para a percepção do artista. Eles serão contaminados pela experiência do aqui e agora. E isso nos coloca a todos, num estado vulnerável, muito bom para criação artística e para o debate de ideias”, explicou o curador.

Hirosuke Kitamura, que levou o “Prêmio Residência Artística em Belém”, apresentará dois vídeos. “Doce Obsessão Vol.1” vem de uma vivência em Guaicurus, bairro de grande prostituição em Belo Horizonte (MG). “Existe energia de sexo muito forte e carregada nesta região. Apesar da relação que envolve troca de dinheiro por prazer e apelo obsessivo do comercial do corpo, senti mistura de várias emoções entre as pessoas neste ambiente caótico. Dentro destas emoções saturadas, eu comecei a sentir sensações espirituais internamente quando fiquei sozinho no pequeno quarto alugado do hotel”. Kitamura diz que começou a “sentir uma coisa tão longe da realidade, surgiu o amor e a pureza crescendo dentro de mim. Tocar o meu corpo, tocar o outro corpo e sentindo o toque por outro. Comecei a sentir uma nova percepção que não existia em mim. Não foi prazer de tesão, e sim prazer de sentir a energia dos outros se transformando no meu corpo. Isso liberou a minha mente completamente. Quanto mais a minha mente se abria, mais minha percepção se fortalecia. Não é uma teoria, isso aconteceu espontaneamente”, contou o artista.

Já “Doce Obsessão Vol.2” mostra um pedaço da vida de uma personagem transexual da mesma região. Aquela pessoa torna-se a representação de toda a oposição da realidade humana. “Depois do prazer e a alegria sobra apenas solidão, sofrimento e angústia em sua vida noturna. Masculinidade e feminidade, facilidade e dificuldade, doce e amargo, fogo e água, ordem e descontrole. Vejo esta mistura destes elementos opostos da vida humana concentrados nesta área. Isto é a realidade presente na vida de qualquer um que encontramos em qualquer lugar da sociedade”, explicou.

O fotógrafo é formado em Universidade de Estudos Estrangeiras em Kyoto em 1990 e desde 1993 vive e trabalha no Brasil. Ele iniciou na fotografia em 1995 e desde 1997 trabalha como correspondente da revista de música latino-americana “LATINA”, que circula mensalmente no Japão. Já participou de diversas exposições individuais e coletivas, além de ter trabalhos integrando acervos do MASP (Coleção Pirelli), MAM-SP (Clube dos Colecionadores), Fototeca (Havana), Centro Dannemann (São Felix) e Espaço Pierre Verger da Fotografia Baiana.

O artista que, em sua trajetória, já participou de uma outra residência artística, não imaginava que ia ser premiado no Diário Contemporâneo e ficou muito feliz com a notícia. Sobre as expectativas para essa nova vivência ele afirmou, “agora tenho a oportunidade de ficar mais tempo imenso em uma experiência que propõe a produção de imagens sobre poética e lugares do retrato. Nessa experiência busco explorar o ambiente para que possa ter uma nova percepção que contribua para produzir algo diferente do que estou acostumado”.

Hirosuke já está em Belém, acolhido por Alexandre Sequeira, na Residência São Jerônimo e conhecendo não só seu cenário artístico, como também a cidade e suas pessoas.

DE BELÉM PARA SÃO PAULO
Guido Couceiro Elias é calouro do curso de Artes Visuais da Universidade Federal do Pará e ganhou o “Prêmio Residência Artística em São Paulo”, mostrando que a sensibilidade artística é algo que está presente desde jovem, como em “Vivaz”, seu ensaio fotográfico. “A memória de uma família transcende o imaginário de seus integrantes e expande a expressão em seus lugares físicos, suas relações entre si, suas relações íntimas e solitária”, explica o artista. Ele diz que ‘Vivaz’ é uma série fotográfica que percorre retratos atuais e antigos de família, focando no contraste de relações entre o núcleo de uma família e a memória carregada nos lugares dos retratos. “A série inicia de um desejo particular de registrar a minha própria família, tendo como foco seus integrantes mais idosos, a relação destes que convivem juntos há mais de um século e atenta para os momentos de reunião e solitude”, refletiu.

O universitário ficou eufórico com a notícia do prêmio e com a valorização desse trabalho que tem um significado muito importante para ele. “Eu sinceramente fiquei muito feliz de ver que essa edição tem pelo menos (que eu saiba) três artistas bem jovens, Lucas Negrão, Tarcísio Gabriel e eu”. Ele diz que é de “extrema importância um projeto como o Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia dar espaço e visibilidade para artistas jovens, mesmo porque, Belém está borbulhando grandes artistas e jovens artistas e isso parece ter sido visto pelo pessoal do Diário”, diz.

Guido ficará imerso em São Paulo, a maior cidade do País, convivendo com artistas de diferentes capitais e dialogando com outras linguagens. “A residência artística, antes de tudo, veio para mim como um desafio pessoal. Minhas expectativas quanto a ela são de meio que viver o centro cultural com mais visibilidade do Brasil e poder estar sendo assistido e trocar ideias com a Lívia Aquino e todos do Condomínio Cultural”. Ele define a residência como “uma oportunidade única de poder ir, tão jovem, pensar e produzir algo fora do meu espaço, da minha zona de conforto. Acho que essa experiência renderá bons frutos. Estou ansioso”, finalizou Guido.

O artista já está em São Paulo e foi recebido pela pesquisadora Lívia Aquino e por Paulo Pereira, mediador da parceria entre o Diário Contemporâneo e o Condomínio Cultural.

(Debb Cabral/Diário do Pará)
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