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Pássaros juninos se mantêm vivos

“Abre ala, sai da frente, que nós vamos passar. A nossa turma é bamba, não recua do lugar. O nosso taco é forte, igual a ele não tem, pois o Tucano é osso duro, atravessado na garganta de alguém”. Não se sabe a data exata que os versos de apresentação do

“Abre ala, sai da frente, que nós vamos passar. A nossa turma é bamba, não recua do lugar. O nosso taco é forte, igual a ele não tem, pois o Tucano é osso duro, atravessado na garganta de alguém”. Não se sabe a data exata que os versos de apresentação do Pássaro Junino Tucano foram escritos por Francisco Oliveira, originalmente para Grupo Periquito, e que ainda hoje é a marcha de rua que anuncia a entrada de cerca de 30 integrantes fantasiados, multicoloridos e que mantêm viva a tradição da cultura popular.

Desde 1982, a filha dele, dona Iracema Oliveira conduz o pássaro, sendo a guardiã. Hoje, eles se apresentam a partir das 19h30 na frente à sua residência, no bairro do Telégrafo, em Belém.

Aos 80 anos, ela ainda se sente na incumbência de preservar a tradição iniciada no bairro da Cremação, em 1927. Mas a sua história com os grupos de pássaros vem de família. Foi acompanhando o pai que ela aprendeu as letras das músicas, a fazer os diálogos da encenação teatral, a costurar e bordar. Aos sete anos ela foi a porta-pássaro e conduziu o símbolo máximo da tradição. Este ano, a sua neta é quem interpreta a personagem, e quase toda a sua família, entre filhos e noras também, se envolve com as atividades.

“A gente aprende na vivência, meu pai era quem escrevia as peças e eu aprendi a ser guardiã, essa foi a minha herança, o amor pela cultura junina. Fiz da arte a razão do meu viver”, diz.

(Foto: Anna Fernanda Eloisa/Divulgação)

Mesmo sem apoio formal ou subvenção do estado, dona Iracema diz que vale a pena continuar. O Pássaro Tucano recebe apenas cachês por apresentação nos eventos oficiais da quadra junina promovidos por governo e prefeitura. A Fundação Cultural do Pará (FCP) auxilia na doação de materiais e promoção de oficinas para a confecção de trajes e adereços. Cenário muito diferente de décadas atrás, quando os grupos tinham os “padrinhos”, como era o caso, por exemplo, do grupo Quati, que tinha apoio do consulado americano.

“A gente não recebe, mas faz com amor. Se você me perguntar quanto eu já gastei esse ano, não sei nem lhe dizer. Se sobrar qualquer quantia, eu vou e compro alguma coisa. Já comprei até tecido para o ano que vem”, conta Iracema.

Sem sede oficial, é em sua própria casa que ela mantém um guarda-roupa e um baú com peças e adereços, geralmente reciclados para o ano seguinte. Mesmo com esse cenário nada alentador, ela percebe que, apesar dos parcos recursos e da pouca divulgação, ainda há grande interesse de crianças e pessoas do bairro em participar do grupo e se apresentar no mês de junho, mantendo a tradição ativa ano a ano.

(Dominik Giusti / Diário do Pará)

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