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GERSON NOGUEIRA

Leia a coluna do Gerson Nogueira desta segunda-feira, 28: Leão de volta ao começo

Depois de sofrer a quarta derrota na Série C, no sábado à noite em Natal, o Remo se aproximou da zona de rebaixamento e ampliou as desconfianças quanto à capacidade de reagir no torneio. Pior: o técnico Givanildo Oliveira, elogiado pelo trabalho que garan

Depois de sofrer a quarta derrota na Série C, no sábado à noite em Natal, o Remo se aproximou da zona de rebaixamento e ampliou as desconfianças quanto à capacidade de reagir no torneio. Pior: o técnico Givanildo Oliveira, elogiado pelo trabalho que garantiu a conquista do título estadual de 2018, não resistiu ao desgaste e entregou o cargo.

A encruzilhada em que o Remo se encontra no momento é própria de uma agremiação que alimenta sonhos de alcançar a Série B, mas se sente desconfortável e atrapalhada na Série C.

Com boa produção no Estadual, superando-se nos momentos decisivos, o time que encerrou a competição só sofreu uma perda para a Série C: Felipe Marques. Mas cabe reconhecer que, além de seu principal atacante, perdeu a dinâmica de marcação e a capacidade de sufocar os adversários.

No Brasileiro, com equilíbrio acentuado entre as equipes e esquemas mais rígidos de marcação, o Remo não conseguiu ter o mesmo aproveitamento do Parazão, fato previsível diante da significativa diferença técnica entre as competições. O equívoco do sistema 4-3-3, ofensivo no papel e inofensivo na prática, também responde por boa parte dos revezes azulinos.

Difícil é fazer com que os torcedores entendam esse dilema depois de terem sido levados a acreditar que era possível se destacar no Brasileiro praticamente sem reforçar a equipe do Parazão.

Givanildo Oliveira é o menos culpado pelo quadro atual. Sai de cena pelo acúmulo de desgaste com a campanha instável, mas é fato que alertou, desde sua chegada, quanto à necessidade de contratações pontuais. Indicou jogadores, mas a maioria não aceitou a oferta salarial do clube.

Quando o Estadual acabou, ele recebeu Dedeco e Moisés como reforços. Depois, chegariam Everton, Eliandro, Ninhinho e Rafael Bastos. Ruan desembarca hoje. Ainda é pouco para o grau de dificuldades que a competição nacional oferece.

Com o elenco que tem, o Remo precisará se organizar mais para brigar de igual para igual com a maioria dos concorrentes, alguns surpreendentemente bem, casos de Atlético-AC e Juazeirense.

Na Série C, transpiração é um dos itens obrigatórios da disputa. O Remo, nos últimos jogos, tem sido pouco eficiente nesse quesito, relaxado até. Joga sem muita pressa e dá liberdade demais aos seus oponentes. Nem times qualificados tecnicamente podem se dar a esse luxo.

Quanto às limitações do elenco, de conhecimento até do reino mineral, está claro que não serão resolvidas com a simples troca de treinador. Seja quem for o substituto – Itamar Schuller, Lisca Doido, Francisco Diá, Artur Oliveira, PC Gusmão etc. –, terá dificuldades em dar ao time sustança suficiente para um esforço de recuperação.

A partida em Natal foi reveladora da precariedade técnica. Os gols do ABC surgiram no 2º tempo, depois de uma etapa inicial equilibrada. As jogadas nasceram de erros individuais (Gustavo no primeiro lance e Bruno Maia no segundo) dos jogadores encarregados da marcação pelos lados, tendo o meio-campo sua parcela de responsabilidade pela falhado de cobertura.

Quando saiu para buscar o gol, faltou ao Remo qualidade no passe, força na área e velocidade nas ações pelo lado. Rafael Bastos entrou bem na partida, mas o lado coletivo estava fragilizado, incapaz de brigar pelo empate.

A três pontos do G4, a situação não é desesperadora, mas inspira cuidados.

Uma bicicleta e dois frangos à Kiev

Como milhões de telespectadores espalhados pelo mundo, passei a tarde de sábado atento ao superespetáculo da decisão da Liga dos Campeões, desfile impressionante de craques vindos dos mais diversos países. Para desalento quase geral, porém, a parada foi decidida por uma entrada roceira de Sérgio Ramos em Salah e pelos frangaços de Loris Karius. O placar não espelha fielmente o que foi a história da acidentada final.

Minha preferência óbvia era pelos Reds. Afinal, representam a terra dos Beatles, motivo mais do que suficiente para arrebatar um velho fã do melhor rock já produzido. Além disso, a torcida emprestou os versos de uma canção para definir sua fidelidade extremada: “Você nunca andará sozinho” (You’ll Never Walk Alone).

Na Champions 2005, na final contra o Milan, o Liverpool perdia por 3 a 0. A torcida começou a cantar os versos míticos e, coincidência ou não, a virada aconteceu. Até o Pink Floyd desceu de seus caprichos perfeccionistas para reverenciar a torcida dos Reds na canção “Fearless”.

Como se não bastasse tudo isso, o Liverpool tem um grande time, com ataque de Terceiro Mundo, improvavelmente bom, reunindo Mane, Firmino e Salah. Tudo sob a batuta de Jürgen Klopp, um técnico mercurial, de posições políticas fielmente alinhadas com as cores do clube.

Para quem viu o fortíssimo Real Madri do estiloso CR7 bater adversários quase sempre em lances polêmicos, como aquele penal seguido da expulsão de Buffon contra a Juve e os erros grotescos de arbitragem na semifinal contra o Bayern, seria quase forçoso torcer pelo adversário dos merengues.

Dediquei-me a isso com afinco, animado com o início arrasador do Liverpool, que imprensou o Real em seu campo e só não fez gol por puro capricho dos deuses. Aí, aos 25 minutos, veio o golpe de judô que sacrificou Salah e arrebentou com o jogo.

Nessa outra partida pós-Salah, a decisão ficou nas mãos do desafortunado Karius. Com duas estabanadas participações, entregou o ouro e abortou qualquer possibilidade de reação. O presente dado a Benzema é uma das mais bizarras lambanças já perpetradas em uma final de Champions.

Que não se negue méritos ao Real de tantas glórias. Fez por merecer a taça pela sem-cerimônia com que se apossou do jogo depois do golpe (não punido pelo frouxo árbitro) de Ramos. Para coroar a conquista, o quase enjeitado Bale saiu do banco diretamente para os anais da história, ao encaixar uma inspirada bicicleta em cruzamento perfeito de Marcelo.

Por sinal, foi a segunda bicicleta desta Champions. Ambas executadas por atacantes do Real (a primeira foi de CR7) e fidelíssimas a essa contribuição genuinamente brasileira ao futebol, de autoria de Leônidas da Silva lá nos idos de 1930, com retoques dados pelo Rei Pelé ao longo da carreira.

A festa terminou ainda mais bonita pelo perdão público da torcida vermelha ao anti-herói Karius, acolhendo-o generosamente, como só os realmente grandes são capazes de fazer.

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