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GERSON NOGUEIRA

Técnico ou guru eletrônico? Leia a coluna de Gerson Nogueira

O risco mais acentuado na vida de uma nação ignorante é o de se tornar refém do primeiro encantador de serpentes que apareça, por mais que tenha o discurso inconfundivelmente primitivo e tosco. Não, não se trata aqui de analisar a política nacional, longe

O risco mais acentuado na vida de uma nação ignorante é o de se tornar refém do primeiro encantador de serpentes que apareça, por mais que tenha o discurso inconfundivelmente primitivo e tosco. Não, não se trata aqui de analisar a política nacional, longe disso. Refiro-me à nova geração de técnicos de futebol no Brasil, que se arvora a ir além das quatro linhas, espalhando lições morais e prometendo redenção.

Detenho-me no assunto porque é uma das facetas mais interessantes da cena boleira atual. Não há dúvida de que Tite, o comandante da Seleção, é o grande mentor não oficial do novo ramo. Pela trajetória de boleiro e os bons resultados alcançados na carreira, assume o protagonismo entre os “pensadores” a serem seguidos pela malta ignara.

O treinador já se aventura até a espraiar conhecimento empírico aos demais brasileiros, com algum êxito, diga-se. Os sinais estão à vista. Suas aparições em anúncios, bradando conceitos de autoajuda e coaching, não deixam margem a dúvidas: estamos diante de um Sassá Mutema redivivo. Perigo, perigo, perigo! – já dizia conhecido animador de auditório.

O futebol, que já foi ópio do povo, é campo sempre suscetível à proliferação de mercadores dos mais diversos naipes. Transitam com desembaraço do balcão aos vestiários, passando pelas arquibancadas e cabines de mídia. Vendem sonhos, “pojetos” (como Luxemburgo) e fantasias sempre que há uma tribuna ou canal disponível.

Tite está sabendo aproveitar esse filão, surfando na onda e aperfeiçoando o que Luxa não soube concretizar. O técnico da Seleção enfeixa características múltiplas, com facetas de professor tradicional, orador treinado a fórceps, com pitadas de pastor eletrônico.

Faria sucesso em qualquer desses ofícios, assim como hoje nada de braçada no cenário desolador dos técnicos de futebol no país pentacampeão. Seu mérito como orientador técnico está principalmente na capacidade de saber (como poucos) trabalhar a montagem de um time, agregando peças compatíveis com as necessidades da engrenagem.

Exibiu essa habilidade de Gepeto ao comandar o Corinthians, onde fez de um grupo heterogêneo uma equipe extremamente competitiva. Bons técnicos têm essa virtude rara de juntar desiguais para extrair grandes resultados coletivos. Na Seleção, aperfeiçoou o modelo.

Com o discurso bem calibrado, meio chato, mas repleto de expressões e ganchos motivacionais, Tite é um desbravador no papel de pioneiro das mensagens edificante. Parreira tentou seguir esse filão, lançou livros e deu palestras, mas sucumbiu à voz débil e ao fiasco de 2006. Felipão também buscou ser o nosso Ferguson, mas teve seus projetos abatidos em pleno voo pelo desastroso 7 a 1 em BH.

Resta Tite, soberano desde que tirou o Brasil do limbo nas Eliminatórias e reergueu a profissão de técnico, que vivia fase de profundo desgaste. Falava-se até em contratar treinador estrangeiro.

Como todo fenômeno esportivo, Tite depende essencialmente do êxito para consolidar o sucesso. A Copa do Mundo representa a chance de consagração, mas, em caso de revés, a derrocada será inevitável.

Erros defensivos tiram invencibilidade do Papão

Quando Rodrigão abriu o placar aos 42 minutos, na Ressacada, sexta-feira à noite, o Avaí já fazia por merecer a vantagem no jogo. Era quem tomava a iniciativa, usava bem os lados do campo e não dava espaço para a movimentação dos meio-campistas do Papão. Deixava Cassiano isolado, sem receber passes e forçava jogada sobre o trio defensivo bicolor, formado por Diego Ivo, Carandina e Edimar.

Vacilo horroroso de Cáceres, recuando mal na zona perigosa à entrada da área, abriu as portas do gol para o Avaí. Antes disso, Renato já havia perdido duas chances. Ainda no final do primeiro tempo, Romulo obrigou Renan Rocha a uma defesa milagrosa.

Na etapa final, apesar de visível evolução do meio pra frente, o Papão continuou vacilante na defesa. Sofreu o segundo gol em cobrança de falta aos 21 minutos. Guga cobrou e Renan Rocha aceitou o chute no segundo pau. Cinco minutos depois, aconteceu o pênalti discutível que Cassiano converteu, recolocando o PSC no jogo.

Aí então o Papão acordou e tentou pressionar, embora sem a inspiração necessária para aproveitar o espaço concedido pelo Avaí. Aranha apareceu bem em dois lances, mas o cerco bicolor poderia ter sido mais intenso e qualificado. No final, em bobeira do lateral Mateus Silva, que cercou pelo lado errado, Rômulo ficou livre para fazer o terceiro gol.

Vitória merecida do Avaí pelo que foi produzido principalmente no primeiro tempo e pela objetividade no aproveitamento de oportunidades.

No Papão, o desempenho de alguns jogadores deixou a desejar e a defesa sofreu mais do que nos outros jogos recentes.

A partida marcou a quebra da invencibilidade e deixa o Papão em sua pior colocação no campeonato até agora, ocupando o sétimo lugar, podendo ainda ser ultrapassado pelo São Bento, que jogaria neste sábado.

Bola na Torre

Guilherme Guerreiro comanda a atração, a partir das 21h, com participações de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Gols dos clubes paraenses na rodada de fim de semana, além de sorteios e participação dos telespectadores.

Ruan e as dúvidas quanto ao sucesso no Leão

A contratação do ex-bicolor Ruan é vista por alguns como solução para os problemas ofensivos do Remo, que jogou ontem à noite em Natal. A dúvida é saber se o reforço que chega é o Ruan ágil e eficiente de 2013 ou o Ruan desanimado de dois anos depois. Há uma brutal diferença de qualidade e disposição entre essas duas temporadas.

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