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GERSON NOGUEIRA

Leia a coluna de Gerson Nogueira desta terça-feira, 23: Copa perde encanto das ruas

O processo de esvaziamento da principal competição do futebol mundial vem avançando a cada nova edição, mas o que se vê neste ano é algo espantosamente triste. O que antes era celebração, com desenhos pintados no asfalto, nos muros e paredes, bandeirinhas

O processo de esvaziamento da principal competição do futebol mundial vem avançando a cada nova edição, mas o que se vê neste ano é algo espantosamente triste. O que antes era celebração, com desenhos pintados no asfalto, nos muros e paredes, bandeirinhas dando às ruas uma paisagem de telas de Volpi, tornou-se um cenário de desolação.

Já se observava essa tendência em 1998, 2002, 2006, 2010 e 2014, fatídico ano em que, por suprema blasfêmia, hordas amareladas saíram às ruas para pregar o tosco “Não vai ter Copa”, de mais triste memória em face dos desdobramentos que geraria, de maneira não exatamente acidental.

Foram quatro mundiais que testemunharam a gradual redução dos mutirões pré-Copa. Até o número de pachecos minguou nesse período. Não há embasamento científico confiável, mas fica a impressão de que andar com a camisa amarela da Seleção Brasileira se tornou um fardo pesado demais.

Muito além dos significados que a camiseta passou a ter nos últimos anos, sem que o futebol tenha culpa disso, há a mancha das digitais da CBF, dona absoluta do negócio. Os escândalos descobertos na Fifa, levando de roldão os últimos presidentes da entidade – com prisões, exílio forçado e banimento –, ajudam a explicar a súbita rejeição a uma peça de roupa que já viveu dias de símbolo sagrado.

Quando a era gloriosa do futebol brasileiro, tendo à frente Pelé, Garrincha, Nilton Santos e outros menos votados, conquistou o planeta há 60 anos, ninguém jamais podia imaginar que a trajetória triunfal da Seleção – que vestiu azul na primeira conquista – sofreria desbotamento tão grave nos dias que correm.

O mais duro golpe não se dá exatamente quanto à cor do uniforme, mas lá no coração dos brasileiros. Ao cidadão comum, antes devoto extremado do escrete canarinho, é cada vez mais difícil entender que a volúpia financeira que assombra o esporte permita uma brecha para o velho sentimento de “amor à camisa”.

As desconfianças quanto à motivação dos atletas se acentuaram muito nas últimas Copas. Contribuem para isso episódios como o da “amarelada” de Ronaldo na Copa de 1998, o pouco caso dos jogadores com a desolação pelo revés em 2006 e a paulada de 7 a 1 diante da Alemanha em 2014.

Nem mesmo o esforço gigantesco dos anunciantes, com suas peças apelando ao patriotismo barato, e das grandes redes de TV, com histórias novelescas sobre alguns dos projetos de heróis, consegue quebrar a frieza que os brasileiros passaram a ter pela Copa e pela Seleção.

Pesquisa recente mostrou que a maioria das pessoas não se interessa por futebol, o que é aceitável nos Estados Unidos e no Canadá, mas soa como algo exótico e triste no país que ganhou cinco Copas e produziu os maiores jogadores de todos os tempos.

A 25 dias da estreia brasileira, ainda há tempo de alterar essa paisagem descolorida e fria, mas é inegável que a Copa já não suscita o frisson de antes e se tornou apenas um espetáculo televisivo e comercial. Falta o calor das ruas, falta cheiro de povo.

Da supervalorização dos técnicos no Brasil

Há momentos em que duvido da sanidade de alguns ditos experts em futebol e seus tentáculos, principalmente no Brasil de hoje. Bestificado, li artigos e ouvi comentários nos últimos dias lamentando de verdade a possibilidade de Fábio Carille, técnico do Corinthians, aceitar uma proposta milionária da Arábia Saudita. Ontem à noite, o negócio parecia ter sido sacramentado e Carille deve partir para o mundo árabe.

Para começo de conversa, transferências de treinadores são absolutamente normais. Estão na conta daquelas situações sem remédio. Se surge uma proposta melhor, o sujeito avalia prós e contras, quase sempre valorizando o pró-labore. E é natural que seja assim, em qualquer área.

Deve-se lamentar é o êxodo de jogadores qualificados, atraídos pelo abundante dinheiro dos clubes estrangeiros. A perda de futuros astros gera preocupações, pois afeta o nível geral do futebol praticado aqui.

Quando a coisa envolve técnicos, não há razão para choros ou lamúrias, levando em conta a baixíssima qualidade dos que militam no futebol brasileiro, escravos dos métodos mais arcaicos, evidenciados na pífia produção dos times nacionais.

A saída de um treinador para outros centros pode ser benéfica, contribuindo para que evolua profissionalmente, respire outros ares e culturas. No caso de Carille, em particular, que vinha externando um jeito arrogante por ter vencido o horroroso Brasileiro de 2017, o prejuízo é zero.

Ora, se o melhor de seu trabalho é montar um time retranqueiro, de uma jogada só – o contra-ataque –, não pode deixar saudades. Dezenas de outros técnicos fazem exatamente o mesmo, apenas com menos sorte e sem as costas largas que o Corinthians dá.

Talvez lá, convivendo com os árabes, de cultura milenar e hábitos diferentes dos nossos, aprenda o valor da humildade, que lhe faltou ao estrilar publicamente por não ter sido reconhecido pelo uruguaio Aguirre, técnico do S. Paulo, antes de um jogo pelo Campeonato Paulista.

Ou aprenda a segurar a língua, evitando o mico do fim de semana quando negou que tivesse recebido proposta dos árabes e acusou a mídia paulistana de mentirosa, mesmo depois que o pai dele havia confirmado a história. Com a divulgação do acerto, fica claro que a mentira, se houve, foi do próprio Carille.

Novo reforço gera esperanças no Leão

O Remo anuncia novo reforço para uma posição das mais carentes. Rafael Bastos, 33 anos, meia-armador, já rodou o mundo, jogando bem. A situação do time na Série C inspira cuidados.

Rafael pode ajudar, mas a origem do problema parece estar no sistema utilizado, o 4-3-3. Com três atacantes, os gols rareiam. Talvez com um 4-4-2, ou mesmo um 3-5-2, a solução apareça.

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