O futebol já faz por merecer um estudo aprofundado sobre as razões que fazem times se transformarem completamente com uma simples troca de comando. A situação se repete entre nós. Em apenas dois jogos dirigindo o Papão, Dado Cavalcanti confirmou que um choque de gestão no momento certo quase sempre leva a resultados positivos.
Até duas semanas atrás, o time andava em círculos, patinava em erros, não conseguia vencer e – pior ainda – caía em desgraça junto à torcida. Com receio de perder o emprego, Marquinhos preferia não arriscar, o que acabou levando ao sério prejuízo da eliminação na Copa do Brasil.
As vitórias sobre Parauapebas e Interporto já permitiram ver um time inteiramente diferente daquele que não se decidia entre a timidez no ataque e o medo na defesa. Com Marquinhos, os jogadores tinham uma postura de cautela excessiva, talvez por influência da própria voz de comando.
Entre arriscar na busca por vitórias, o PSC se contentava em não perder. Com Dado, a história tem sido outra. As habilidades individuais são estimuladas para que contribuam para fortalecer o conjunto. De quebra, os jogadores adquiriram a confiança necessária para mostrar o que sabem e assumam riscos.
Na gestão anterior, a bola queimava nos pés de todos porque o time vivia um perigoso círculo vicioso: como as vitórias não aconteciam, a torcida chiava e o técnico redobrava os cuidados em campo. A diretoria decidiu, a tempo, brecar o processo e trouxe Dado de volta. As coisas começaram enfim a entrar nos eixos.
Os 180 minutos bem jogados pelo PSC sob nova direção – com seis gols marcados e um sofrido – não constituem garantia plena de sucesso. O trabalho está sendo reiniciado e é possível que ainda sofra alguns abalos, mas é inegável que até no aspecto emocional o time hoje tem nova feição.
Mais cartesiana das ciências inexatas, o futebol necessita de perfeita sintonia entre os seus pilares de sustentação – time e público torcedor. Quando a sintonia se estabelece entre essas duas frentes, as coisas tendem a funcionar. No caso bicolor, um sinal altamente positivo é o fim definitivo da pré-temporada alongada, esdrúxula teoria inventada pelo ex-técnico para justificar os muitos percalços do Papão sob o seu comando.
Leão busca reforços e um fantasma volta a rondar
O Remo vive dias estranhos. Eliminado de duas competições, só resta centrar esforços no Campeonato Estadual e a Série C. O torcedor, que estava insatisfeito com as atuações pífias contra Manaus e Bragantino, teve o consolo de ver um time brigador e destemido diante do Internacional.
Destemor não garante vitórias – como não garantiu na quarta-feira –, mas é um claro sinal de dignidade. A torcida precisava se sentir representada e, apesar das falhas bisonhas que propiciaram a vitória colorada no Mangueirão, decidiu aplaudir os jogadores à saída do campo.
Foi um claro recado ao grupo dirigido por Ney da Matta: erros podem ser tolerados, covardia não. Os aplausos constituíram um reconhecimento ao jogo de entrega e comprometimento, que lembrou a melhor atuação da temporada, vista no clássico Re-Pa.
Com um pouco de malandragem para vigiar a cobrança da falta, aos 20 minutos, o Remo teria controlado melhor a vantagem, com grandes chances de consolidar a vitória no segundo tempo, contra um visitante exaurido e sem forças para ameaças mais consistentes.
Ney da Matta, que chegou a colocar o cargo à disposição, renasce no comando ante a indiscutível realidade de que dirige um elenco com sérias limitações defensivas e criativas. Obviamente, o problema passa por ele, pois as contratações tiveram o seu aval.
Diretoria e torcida parecem conceder um voto de confiança ao técnico, mas ele tem que reagir logo, investindo em alternativas para tornar a zaga mais confiável e encontrando um camisa 10, dentro ou fora do Evandro Almeida. O próximo Re-Pa, dia 11 de março, será o teste de fogo.
A busca é tão urgente e desesperada que permite que, matreiramente, o fantasma de Eduardo Ramos volte a assombrar as cercanias de Antonio Baena. A boataria floresce em torno de um suposto retorno graças à estiagem de talento na meiúca remista.
Apesar disso, nem mesmo a grave dificuldade de momento pode justificar a insanidade que seria recair num erro já repetido duas vezes. Os dirigentes precisam ter isso em mente ao avaliar qualquer ideia nesse sentido.
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