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GERSON NOGUEIRA

Quando o lobby não é tudo

Chega a ser hilário o esforço de setores da mídia carioca, ligados ao Flamengo, para tentar impor o nome de Vinícius Jr. como um “selecionável”, a tempo de ainda ser incluído na lista dos convocados para a Copa do Mundo. Se o esforço será bem sucedido só

Chega a ser hilário o esforço de setores da mídia carioca, ligados ao Flamengo, para tentar impor o nome de Vinícius Jr. como um “selecionável”, a tempo de ainda ser incluído na lista dos convocados para a Copa do Mundo. Se o esforço será bem sucedido só o tempo dirá, embora seja improvável que Tite convoque um jogador apenas promissor e que no próprio Flamengo é reserva de Lucas Paquetá e Vizeu.

Quando vejo tais açodamentos midiáticos lembro de um tempo, pré-internet e redes sociais, em que parcela da mídia impressa e radiofônica usava de forma desmedida seu poder de influência sobre os técnicos da Seleção Brasileira. Vivia-se então o auge da rivalidade entre paulistas e cariocas, aguçada pela hegemonia em campo de dois timaços de então, Santos e Botafogo, donos de verdadeiros timaços.

Como forças dominantes, São Paulo e Rio impunham suas preferências e muitas vezes faziam técnicos mudarem convocações e até escalações da Seleção em plena Copa. Em 1958, por exemplo, teria ocorrido pressão forte do lado carioca pela presença de Mané Garrincha no time, suplantando o aclamado Julinho Botelho, cria do Juventus da Rua Javari.

Em 1962, a crônica do Rio garantiu um lugar na Seleção para Amarildo, jovem centroavante do Botafogo, que acabaria substituindo (muito bem) ao próprio Rei Pelé, lesionado no começo do Mundial chileno.

São incontáveis os episódios que exemplificam o poder de fogo da imprensa esportiva daquele tempo, mas há uma abissal diferença quanto aos interesses que moviam as campanhas em prol deste ou daquele jogador. Naquela época, era puro bairrismo, não havia o mercado lucrativo e milionário envolvendo transferências para o exterior.

A partir dos anos 90, o mundo da bola virou do avesso, gerando gordas receitas para clubes, investidores e jogadores. Com isso, já em plena vigência da dobradinha Zagallo-Parreira, a vitrine da Seleção passou a ser alvo de maior cobiça, com a conivência dos comandantes.

O balcão de negócios ficou tão explícito que, para entender as razões de certas convocações, basta seguir à risca o clássico conselho “Follow the money!” (siga o dinheiro), nascido na reportagem-filme “Todos os Homens do Presidente” dos jornalistas do Washington Post sobre o escândalo de Watergate, que derrubou Nixon nos EUA.

Acontece que ninguém seguiu o dinheiro, pelo menos com intenções fiscalizadoras. Os negócios continuaram a se misturar, de modo promíscuo, com as escolhas para o escrete, gerando esquisitices em penca. Amaral, Josué, Viola, Grafitte, Huck e Vampeta são apenas alguns exemplos. Talvez Taison e Giuliano sejam os próximos representantes da barca.

O fato é que o antigo fervor bairrista cedeu lugar ao lobby econômico, agindo tanto para ressaltar qualidades de alguns quanto para destruir a reputação de outros. Foi o que teria derrubado o meia-atacante paraense Giovanni em 1998. Escalado por Zagallo como volante, atuou mal na posição que não era sua e foi execrado ao vivo por certo locutor global, terminando por ser barrado. Serviço completo.

A alta valorização de boleiros medianos permitiu que muitos enriquecessem às custas da Seleção. Mesmo com o freio nas maracutaias, a partir do escândalo que enlameou Fifa, CBF e seus cartolas, ainda há espaço para que as “assessorias” (oficiais ou não) ajam à vontade.

É o que se vê agora com Vinícius Jr., visto como joia do Flamengo e com fabuloso contrato firmado com o Real Madri. A fábula de R$ 166 milhões por um jogador de 16 anos. Com negócio tão lucrativo em marcha, é natural que surjam interessados em tirar ainda mais vantagem da transação.

Nos últimos dias, pipocaram matérias encomendadas, especulando sobre as chances de Vinícius entrar na lista final de Tite. Tenta-se reviver, sem qualquer nível de comparação, o clima de clamor nacional por Neymar e Ganso em 2010. Aquilo era natural, nascido da evidência de talento da dupla. Vinícius (ainda) está bem longe disso.

É bom jogador, tem habilidades, mas não exibe aquela faísca que identifica o verdadeiro craque. Além disso, não foi chamado por Tite nenhuma vez nas Eliminatórias e não consegue se firmar no Flamengo.

O lobby pode ser forte e competente, mas nem sempre é capaz de brigar com os fatos. Toda sorte a Vinícius, muito êxito ao Real que investiu alto nele e parabéns ao Fla pelo negócio das arábias que conseguiu fechar.

Leão escolhe Da Matta e dá partida ao projeto 2018

A mais recente novela azulina chegou ao fim na tarde de sábado, com o anúncio formal da contratação de Ney da Matta. Era um dos nominados para a função, ao lado de Roberto Fonseca e Itamar Schülle, como a coluna de domingo apontava. Por questões salariais, acabou escolhido.

No fim das contas, o Remo terminou ficando com um técnico mais compatível com suas necessidades de momento. Da Matta fez bom trabalho no CSA, mesmo não tendo sido responsável pela montagem do elenco. No Evandro Almeida, sua palavra será decisiva na busca por jogadores.

Os desatinos da era Josué não podem se repetir, principalmente quanto ao permissivo aval dado às contratações. O ponto positivo é que, com um novo trio de diretores, o clube não ficará à mercê das decisões de um presidente que não tem informação e nem noção do que se passa no mercado da bola.

Da Matta, porém, precisará de estrutura e condições para trabalhar. Josué Teixeira, Oliveira Canindé e Léo Goiano não contaram com isso. Os maus passos do time na Série C desnudam de maneira eloquente a situação do futebol remista.

Com um executivo de futebol de pouco renome e um técnico que chega precisando mostrar serviço depois da saída tempestuosa do CSA, o Remo terá que ser mais organizado do que nunca para conseguir trazer jogadores à altura de suas carências e capazes de ajudar o time a recuperar a confiança do torcedor.

Na apresentação do elenco, marcada para 6 de dezembro, já será possível ter uma ideia melhor do que será a era Ney da Matta.

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